quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Informe sobre as negociações da Flaskô com a CPFL

Após uma campanha vitoriosa de mobilização, moções e telefonemas à Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), os trabalhadores da Flaskô conseguiram reabrir as negociações sobre a manutenção do fornecimento de energia elétrica e as condições de pagamento das contas em atraso.
Em uma reunião, entre a empresa e os representantes dos trabalhadores, ficou acertado um prazo de 90 dias para pagar cada conta de luz em atraso. Assim, a conta de abril de 2007 seria paga em fins de dezembro, a de maio de 2007 no final de março de 2008 e a de junho de 2007 após mais 90 dias.
Isso significa 33% da dívida por mês. Um acordo difícil para a Flaskô, mas possível de ser pago. Um bom acordo para a CPFL, que receberá gradualmente todo o montante (cerca de R$ 250 mil). Tudo isso mais as contas mensais e R$ 20 mil por mês do acordo anterior, que já voltaram a ser pagos no prazo de vencimento.
No entanto, há uma pendência na negociação que precisa ser resolvida logo, pois quanto mais o tempo passa sem o fechamento definitivo desse acordo, mais a ameaça de um novo corte ressurge. Hoje mesmo pela manhã (27/09), trabalhadores da CPFL realizaram serviços no poste onde se encontra o equipamento capaz de cortar a energia da fábrica eletronicamente. Houve muitos comentários entre os operários, que já desenvolveram um certo trauma só de ver os carros da CPFL na região. Mas, ao que parece é apenas manutenção de rotina.
Pendência
Todos sabem que a Flaskô ficou mais de 40 dias sem luz: desde meados de junho ao início de agosto. Por isso, a conta de julho (referente a junho) deveria descontar os dias parados, que ficaram sem energia elétrica. No entanto, o valor cobrado é semelhante ao de um mês normal de trabalho: R$ 88 mil!
Na mesa de negociação, os trabalhadores pediram para refaturar a conta, visivelmente sobrevalorizada. A direção da CPFL aceitou, mas manteve o mesmo valor na última carta enviada por e-mail ao camarada Pedro Santinho, coordenador do Conselho de Fábrica.
Os representantes dos trabalhadores estão em contato freqüente com os responsáveis pela cobrança, acompanhados pelo nosso depto jurídico. Um corte de energia neste momento, devido a esse problema em aberto, significaria uma ruptura nas negociações que já estão avançadas. Desejamos descartar essa hipótese o quanto antes.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Secretário Nacional de Movimentos Populares do PT envia moção à CPFL

Os trabalhadores da Flaskô agradecem. É isso aí, todo gás nesta campanha imediata! (Foto: Renato Simões visita a fábrica na véspera de nossa caravana à Brasília em 2006).

"Caros dirigentes da CPFL,

Tive a oportunidade, como deputado estadual, de acompanhar anteriores negociações da Flaskô com a CPFL no sentido de renegociar dívidas passadas e assegurar o fornecimento de energia para as atividades produtivas da empresa controlada pelos trabalhadores.

Venho, assim, solicitar o mesmo empenho da Companhia em buscar no limite o atendimento das propostas de renegociação apresentadas pela Flaskô, pelo inequívoco papel social e econômico da empresa. Como concessionária privada de um serviço público, a CPFL deve manter-se aberta para o impacto social desta negociação - aliás, já em outras oportunidades, tal abertura foi reconhecida e mostrou-se eficaz.

Atenciosamente",

Renato Simões
Secretário Nacional de Movimentos Populares do PT

Campanha Imediata de Moções à CPFL: em defesa da Flaskô

A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) poderá cortar o fornecimento de energia elétrica para a Flaskô mais uma vez, caso não aceite as propostas dos trabalhadores por um acordo de pagamento que não coloque em risco os empregos e o funcionamento da fábrica.
Haverá reunião nesta quinta-feira, dia 20/09, às 10h e estaremos lá a partir das 9h para um ato público. Convocamos nossos apoiadores e parlamentares a estarem presentes em frente à sede da empresa que fica no bairro Taquaral, em Campinas/SP.

Foto: que essa cena não se repita nunca mais!

À todo movimento operário nacional e internacional, pedimos que enviem imediatamente moções à CPFL, conforme modelo abaixo:


Moção à CPFL
Em apoio ao pedido de renegociação feito pelos trabalhadores da Flaskô


Tomamos conhecimento do pedido de renegociação feito em 12 de setembro do ano corrente pelos trabalhadores da Flaskô, fábrica ocupada de Sumaré/SP, junto à Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), em relação ao fornecimento de energia elétrica.

Tendo em vista que a fábrica só permanece funcionando até hoje porque os próprios trabalhadores resolveram assumir o controle da empresa e, portanto, tudo o que a CPFL já recebeu da Flaskô nos últimos quatro anos é fruto do esforço coletivo dos trabalhadores para manter todos os empregos... Tendo em vista ainda, a responsabilidade social e o caráter público da CPFL, referente à prestação de um serviço vital à sociedade;

E como não queremos que se repita a interrupção no fornecimento de energia elétrica ocorrido em julho e que quase levou a fábrica ao fechamento, gostaríamos que a CPFL aceitasse os termos de um acordo apresentado pelos trabalhadores, para que as contas de luz sejam pagas de uma forma que não coloque em risco os empregos e o pleno funcionamento da empresa.

A/C de:
alcantara@cpfl.com.br
guerreiro@cpfl.com.br
pedrocurt@cpfl.com.br

C/C para:
mobilizacaoflasko@yahoo.com.br

Abaixo-assinado em fase final: aumentar as adesões até o dia 15/10!

No mês de outubro, haverá duas audiências na Justiça do Trabalho em Sumaré/SP para as quais foram convocados militantes do Conselho de Fábrica da Flaskô. Os trabalhadores lutam para conseguir uma procuração legal, que garanta aos seus representantes o livre exercício das atividades da fábrica.
Com a intervenção na Cipla e na Interfibra, a Flaskô perdeu o suporte jurídico que compartilhava com elas e sente dificuldades para tocar a fábrica em seu dia-a-dia. Sem a procuração, uma simples compra de matéria-prima ou a troca de um título correm o risco de não serem aceitos na praça.
Por isso, chamamos nossos apoiadores a aumentarem as adesões no abaixo-assinado nessa reta final, para entregarmos o máximo de assinaturas à juíza no dia 15 de outubro.

Recorte e cole a cópia do abaixo-assinado no Word ou outro programa de edição de texto, imprima e mãos à obra!

Eu apóio a luta dos trabalhadores da Flaskô!
Em 2003, a Flaskô era uma fábrica ameaçada de fechamento. Os trabalhadores iam ser demitidos e não iam receber seus direitos, como salários e 13º atrasados, além de FGTS e INSS recolhidos e não-depositados.
Mas os trabalhadores da Flaskô resolveram lutar para não ficarem desempregados. Assumiram o controle da empresa e integraram um movimento nacional para exigir do presidente Lula a estatização das fábricas ocupadas.Durante esses anos, houve muitas conquistas. O faturamento aumentou, máquinas e equipamentos foram recuperados e a prioridade passou a ser o pagamento dos salários e a luta em defesa dos empregos, dos direitos e do parque fabril. Conseguimos um parecer técnico do BNDES favorável à estatização e também um contrato de colaboração comercial com o governo Hugo Chávez da Venezuela.
Além disso, através de um acordo na Justiça do Trabalho, a Flaskô está pagando os processos trabalhistas movidos pelos ex-funcionários que foram demitidos na época dos patrões.Mas, houve também muitos ataques. Leilões para arrematar máquinas, bens e equipamentos e ameaças de penhora do faturamento, devido às dívidas deixadas pelos antigos donos. No momento, existe uma decisão judicial para colocar um interventor federal no comando, para demitir o conselho operário e levar a fábrica à falência. Chegaram até a cortar o fornecimento de energia elétrica, mas depois de 40 dias de sofrimento e luta, os trabalhadores conseguiram acertar com a CPFL o re-ligamento da luz.
Em apoio à luta contra o desemprego, em defesa das conquistas da gestão operária e contra esses ataques, vimos por meio deste abaixo assinado declarar nossa solidariedade à luta dos trabalhadores da Flaskô. Pela estatização das fábricas ocupadas, conforme parecer técnico do BNDES!Eu apóio!

Nome:
Assinatura:
Contato:

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Trabalhadores da Cipla começam a reagir contra a intervenção

Carlos Castro, no ato nacional em frente à Cipla, contra a intervenção.

1. A Intervenção Judicial na Cipla/ Interfibra tem mostrado na prática seu verdadeiro objetivo: falir as empresas e dar fim aos empregos;

2. Percebendo estes objetivos e indignados com o atraso nos salários e com a demissão de dois companheiros, junto com a imposição a outro para mudar de turno e aceitar a redução do salário em 35% (percentual do adicional noturno), os operários da noite paralisaram as atividades na ultima terça feira por uma hora. Só voltaram ao trabalho quando o interventor por telefone se comprometeu a convocar uma assembléia com o turno que ocorreu na noite seguinte – quarta feira.

3. Na assembléia, tentando confundir os operários, foram requentadas as calúnias contra a comissão destituída que tem organizado o enfrentamento contra a intervenção. Mas isto não tem mais colado nos operários que não são tolos, nem marionetes. Os trabalhadores expressaram sua indignação contra as demissões e o atraso no pagamento dos salários. A situação vem se deteriorando a cada dia;

4. O interventor tem pagado somente até mil e duzentos reais de salário, liquidando o salário de metade da fábrica. No entanto, a outra metade, acumula atraso em seus salários. Situação bem diferente quando a empresa estava sob controle dos trabalhadores. O turno da noite é o mais afetado devido ao adicional noturno de 35%. Em setembro, até o momento, foi pago somente R$ 400,00. Assim as contas dos que estão com salário em atraso se acumulam e a vida vira um inferno.

5. Mas o salário do interventor está em dia. A Justiça Federal determinou o pagamento à Cipla da primeira parte dos honorários do interventor no valor de R$ 135 mil reais a serem pagos nos próximos três meses. Conforme o Juiz, “o pagamento incidente será determinado no momento oportuno”. Ou seja, querem arrancar a ultima “carne” da empresa.

6. Na última reunião do Conselho Administrativo da intervenção na Cipla, ocorrida em 07 de agosto, foi decidido enxugar 26% da folha de pagamento, ou seja, a demissão de aproximadamente 200 trabalhadores, mas esta decisão foi negada pelo interventor. Segundo ele, seriam demitidos os “malandros, sabotadores e laranjas podres”. A verdade é que ele tem demitido a “conta gotas” e pressionado os operários a se demitirem, para segurar uma revolta generalizada. Para receber a rescisão, os trabalhadores são obrigados a procurar a justiça;

7. Estas situações – atraso no salário e demissões – têm ampliado a indignação dos trabalhadores no chão de fábrica.

8. Cabe perguntar, cadê o sindicato que tem permitido estas barbaridades contra os trabalhadores? A continuar a política nefasta desenvolvida pelo interventor, quem vai assumir a responsabilidade quando esta empresa fechar?

9. Com a palavra o Governo Lula e o INSS que requereu a intervenção; a Justiça Federal; o Sindicato dos Plásticos; os “boca de aluguel” da imprensa de Joinville e a Revista Veja.

10. Continuamos na luta pelo fim da intervenção e pela devolução da Cipla e Interfibra aos trabalhadores que a mantiveram salvas por quase cinco anos.

Carlos Castro - Coordenador do Comitê pelo fim da intervenção na Cipla/ Interfibra.
Fone: (47) 9608-1479

CPFL quer escravizar trabalhadores da Flaskô

Mais uma vez a CPFL atua no sentido de pressionar a fábrica a pagar mais do que pode. Trabalhadores enviam nova carta à direção da companhia (veja abaixo) para reabrir negociações e apresentar proposta de pagamento das contas de energia elétrica, de modo que não coloque em risco a manutenção dos empregos. A CPFL se comprometeu a responder a carta por escrito, mas ainda não quis receber os trabalhadores em reunião.
A Vereadora de Campinas, Marcela Moreira (PSOL), visitou a fábrica e irá entrar em contato com a CPFL para demonstrar sua preocupação com o caso. O Deputado Estadual Raul Marcelo (PSOL) e o vereador de Campinas, Signorelli (PT), farão o mesmo para ajudar.
Na foto, trabalhadores da Flaskô ocupam sede da CPFL para protestar contra o corte de energia ocorrido em julho.

Carta aberta a Companhia Paulista de Energia

Somos trabalhadores da fábrica Flaskô. Há mais de 4 anos ocupamos a fábrica e retomamos a produção sob o controle dos operários diante da pilhagem e destruição que os antigos patrões organizaram com a conivência dos governos e dos corruptos deste pais. Desde o inicio levantamos a bandeira da estatização (função social e coletiva) como forma duradoura de manutenção dos empregos e dos direitos, inclusive o BNDES apresentou relatório conclusivo confirmando nossa opinião ao propor a adjudicação das fábricas ocupadas pelo governo federal como única forma de salvar os empregos. (Documento foi encaminhado em anexo - NE).

Estivemos reunidos com o Presidente Lula, com diversos ministros sempre discutindo e cobrando soluções para os empregos na fábrica ocupada Flaskô diante do passivo de mais de 110 milhões de reais deixados pelos antigos patrões. Nenhuma resposta conclusiva se apresentou por parte do governo. Mas de outro lado conquistamos o apoio de centenas de organizações da classe trabalhadora, de parlamentares comprometidos com a questão social e milhares e milhares de trabalhadores em todo o Brasil e pelo mundo força esta que nos permitiu continuar lutando e trabalhando, continuar em nossa luta para conquista uma solução final que mantivesse todos os empregos e direitos nas fábricas ocupadas.

Hoje sofremos uma situação muito mais muito difícil. Passamos 40 dias sem energia elétrica o que ocasionou prejuízos enormes entre todos o mais importante foi o sofrimento das famílias dos trabalhadores sem salários e comida em casa. Mas nos resistimos e conseguimos religar a energia após um acordo com a CPFL, que previa o pagamento de 4 contas atrasadas e mais a conta do mês, além do pagamento de um antigo acordo que foi feita para o pagamento de dívidas pelos antigos patrões e que durante mais de um ano não foi paga e os trabalhadores em 2005 fizeram um acordo diante da ameaça de corte de energia.

A energia foi religada em 06 de agosto e até hoje já pagamos uma conta de energia, pagamos 3 parcelas do acordo, o que totaliza mais de 150 mil reais.

No entanto ainda temos para este mês mais 180 mil para pagar nos próximos dias e constatamos em assembléia realizada nesta data que se não renegociarmos estes valores a fábrica vai ao fechamento e nos trabalhadores ficamos sem salários hoje e sem emprego amanha.

Não somos caloteiros. Ao contrários mantivemos a fábrica funcionando este 4 anos cumprindo com nossos acordo, por isso que lançamos esta carta a CPFL apelando para que aceitem uma renegociação da maneira como a apresentamos, pois é a única forma viável de manter os pagamentos e aos mesmo tempo manter os empregos e direitos.

Sabemos que a situação é muito complicada, mas vamos pesar na balança os fatos:
de um lado são mais de 100 pais e mães de família lutando pelos seus empregos e direitos, onde não resta mais nada senão apelar e explicar pacientemente a situação e mantendo a luta, pois nos não podemos desistir de nossos empregos.
De outro lado para a CPFL a diferença será muito pequena, e sabemos que há muitos acordos feitos como o que pedimos, além do mais a CPFL é uma empresa que reivindicaseu caráter social.

Sumaré, 12 de setembro de 2007
Pedro Santinho
Coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô

Entrevista de Serge Goulart ao Sindicato dos Advogados de SP

(Clique no título para ver a matéria no site Porto Gente)
Entrevista de Serge Goulart publicada em 13 de setembro no Boletim Eletrônico do Sindicato dos Advogados de SP

Movimento das Fábricas Ocupadas: salvando empregos no Brasil
Em entrevista exclusiva ao Boletim Eletrônico do Sasp, Serge Goulart, um dos líderes do Movimento das Fábricas Ocupadas, fala dos objetivos e dos problemas que o movimento enfrenta. E dos ataques que vêm sofrendo do governo e da imprensa.

Boletim SASP – Qual é a situação hoje do Movimento das Fábricas Ocupadas?
Serge Goulart – Neste momento estamos concentrados na luta política, social e jurídica pelo fim da intervenção na Cipla e Interfibra. Isto de certa forma paralisa as atividades de ocupação de fábricas que estão ameaçando fechar ou demitir em massa. A Flaskô segue funcionando em Sumaré (SP), mas com muitas dificuldades, pois além do cerco ilegal do interventor (que liga para os clientes da fábrica dizendo que a produção e as mercadorias são roubadas), temos a ação da CPFL que tenta desde a intervenção e em coordenador com o interventor, cobrar dívidas milionárias dos antigos patrões e se recusa a conceder qualquer prazo ameaçando fechar a fábrica. Aliás, em julho e agosto, a CPFL cortou a energia por 45 dias.
A luta para salvar a Álcalis, no Rio de Janeiro, está parada por falta absoluta de recursos e meios. Outras fábricas em São Paulo, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul estão esperando nossa ajuda mas estamos neste momento sob intenso ataque do governo, da grande imprensa e do judiciário de forma que nossas forças se concentram nesta questão de terminar com a intervenção.
Uma ajuda importante que precisamos hoje é de advogados. Precisamos processar a revista VEJA pelas calúnias que divulgou e temos dificuldades, pois não temos recursos e os advogados que temos são da área trabalhista.
Temos recebido apoio nacional e internacional muito importante e isto nos dá um alento muito grande.

Boletim SASP – Como estava sendo o trabalho de vocês desde 2002, quando vocês tomaram conta de duas fábricas e começaram a produzir? Quais as fábricas que vocês ocuparam, qual a produção de vocês e quantos empregos foram mantidos ou criados?
Serge Goulart - O movimento começou com a Cipla e Interfibra com 1.000 trabalhadores. A Interfibra estava para há três meses com faturamento zero e zero de salários. A Cipla estava fechando com um faturamento de R$900 mil e pagando entre R$ 20 e R$ 50 por semana. Agora quando houve a intervenção a Cipla faturava R$3,5 milhões /mês e os salários estavam em dia. A Interfibra está faturando cerca de R$1,5 milhão/mês e os salários estão em dia. Desde a intervenção os salários só são pagos até o limite de R$1 mil reais.
Desde 2002 foram cerca de 15 fábricas ocupadas em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. A maioria foi derrotada por fortes aparatos policiais e medidas judiciais de estrangulamento econômico e financeiro. Algumas sobreviveram, como a JB Costa, em Recife. Outras se tornaram cooperativas com 20% dos trabalhadores. Podemos afirmar que desde o início salvamos cerca de 2.000 empregos diretamente. Mas o mais significativo foi o recuo dos patrões que em muitos lugares pararam de organizar falências fraudulentas com medo de perder a fábrica.
Por exemplo, em Joinville quase não houve mais falências ou demissões em massa depois que ocupamos a Cipla e Interfibra. A metalúrgica BUSSCAR ameaçou demitir dois mil metalúrgicos e nossa luta propondo a ocupação e uma caravana a Brasília para exigir providências de Lula fez a empresa recuar.

Boletim SASP – Por que o INSS entrou com processo contra vocês?
Serge Goulart – Formalmente para cobrar uma dívida dos ex-patrões de 1998. Cerca de R$ 2,3 milhões de reais de apropriação indébita cometida pelos ex-proprietários. Na verdade, o pedido de intervenção feito pelo INSS em outubro de 2006 tinha e tem o objetivo definido pelo governo Lula de fechar as empresas e liquidar o movimento das fábricas ocupadas. É uma questão política.

Boletim SASP – Qual o objetivo do Movimento das Fábricas Ocupadas?
Serge Goulart – Nosso objetivo é salvar os empregos e manter as fábricas funcionando. Consideramos que onde uma fábrica fecha cria-se um cemitério de postos de trabalho, tudo morre em volta e a classe trabalhadora é empurrada para a barbárie. Ao contrário, onde abre uma fábrica, tudo floresce como na primavera. Consideramos que a responsabilidade desta situação, que vivemos no Brasil, hoje, é dos governos e dos patrões. Os governos servis organizam a economia para a rapina dos bancos e das multinacionais. Os governos cortam os serviços públicos, entre eles a fiscalização do trabalho e das contribuições sociais, isso permite a impunidade patronal que conhecemos. Dos capitalistas, então, não é preciso explicar. Eles chupam a laranja e jogam os trabalhadores fora como bagaço. São parasitas. Aliás, em cinco anos mostramos na prática que não precisamos deles para produzir. São sanguessugas inúteis.

Boletim SASP – O Movimento das Fábricas Ocupadas está sendo criminalizado? Por que?
Serge Goulart – Por que é a forma “legal”, hoje, de reprimir os movimentos sociais. O governo Lula e mesmo o de FHC não tem e não tinham condições políticas de reprimir abertamente os movimentos. Eles cairiam. Então, usam a lei que eles fizeram para proteger seus interesses de classe. No caso das fábricas, nos acusam de absurdos como o crime de “pagar passagem para militantes do MST”, “gastar dinheiro em congressos internacionais”, de “viagens de férias no Caribe com dinheiro da empresa” quando fomos ao 1º de maio em Cuba e participamos do 6º Encontro Hemisférico Contra os Tratados de Livre Comércio, etc. É tudo para intimidar e destroçar o movimento pressionando, quebrando militantes e aterrorizando gente. Mas, estão enganados. Em minha opinião Lula deu uma bola fora grave. E vai ficar manchado por isso para sempre. Quem manda a polícia invadir uma fábrica e reprimir violentamente trabalhadores para proteger a propriedade privada e os interesses dos capitalistas, este não tem mais volta e demonstra inequivocamente que sua política está completamente do lado dos patrões.
E os juízes que se prestam a ser o instrumento desta política mostram que são apenas serviçais que não tem escrúpulos quando se trata de defender o capital. É o caso deste juiz federal substituto Oziel Francisco de Souza. A quantidade de barbaridades legais que ele cometeu deve ensejar inclusive ações contra ele. Por exemplo, para “cobrar uma dívida previdenciária dos antigos proprietários da Cipla, ele arrolou na decisão de intervenção, a Interfibra, outra empresa (só que também controlada pelos trabalhadores), e ainda arrolou a Flaskô, que é outra em Sumaré, SP, e por cima de tudo a Associação Ferreirinha, que é uma associação dos trabalhadores do Movimento das Fábricas Ocupadas. Depois que reagimos e o interventor foi expulso da Flaskô, ele teve que recuar e retirou a Flaskô e a Associação da decisão. Ou seja, ele “tentou” pegar tudo como não conseguiu recuou para se proteger. É absurdo o que ele está fazendo.

Boletim Informativo do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo -
Telefones: (011) 3105-2516 (011) 3104-9605
(011) 3104-0159. E-mails:
sasp@sasp.org.br, sindicato.adv@terra.com.br
Assessoria de Imprensa do SASP

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Resposta às mentiras da Revista Veja

Revista Veja falsifica e calunia os dirigentes do Movimento das Fábricas Ocupadas

A Frente Única do Governo Federal com a FIESP, ABIPLAST, pelegos e a revista Veja tem o objetivo de tentar liquidar o Movimento das Fábricas Ocupadas e a Esquerda Marxista do PT

Quem são os que nos atacam e qual nossa atitude frente a eles?!
Em 31 de maio de 2007, por decisão judicial a pedido do INSS, 150 policiais federais e militares invadiram duas fábricas de Joinville, SC. A Cipla e a Interfibra estavam produzindo, desde 2002, sob controle dos trabalhadores. Lutamos para salvar os 1.000 empregos e exigimos de Lula a estatização das fábricas ocupadas. O governo Lula responderá politicamente pela intervenção na Cipla e Interfibra.
Esta invasão e violência pinochetista ficará para sempre como uma mancha nas mãos deste governo. O presidente é Lula e o Ministro da Previdência, Luis Marinho. Esta violência contra a classe trabalhadora coloca os dois governantes ao lado daqueles que durante a época da ditadura militar invadiram estações ferroviárias em greve, invadiram a COBRASMA em 1968, invadiram e mataram na CSN, em 1985. Nós explicaremos isto ao Brasil e ao mundo e continuaremos exigindo que o Governo Lula retire o pedido de intervenção e devolva as fábricas Cipla e Interfibra aos trabalhadores e sua Comissão de Fábrica eleita.
Em fevereiro, o jornal O Estado de São Paulo ataca o acordo comercial/político que fizemos com o governo venezuelano de Hugo Chávez. Paulo Skaf, presidente da FIESP, declara: “é inaceitável esta ingerência do governo de Chávez nos assuntos internos brasileiros e no seu relacionamento de apoio as fabricas ocupadas Cipla/ Interfibra/ Flaskô”. (OESP - 22/02/07).
Em maio, Meheg Cachum, presidente da Associação Brasileira de Indústrias Plásticas (ABIPLAST) publica um artigo dizendo: “O governo venezuelano apóia ocupações de indústrias de plásticos que foram assumidas por operários. Já são três (Cipla, Interfibra e Flaskô) as empresas que recebem apoio na forma de compra subsidiada de matéria-prima vinda da Venezuela... Em razão dessas atitudes, é imprescindível que os empresários e a sociedade civil de forma geral, organizem um manifesto de repúdio contundente a esse tipo de prática antes que isso se torne cotidiano e prejudique a democracia.Precisamos resgatar a indignação diante da interferência em nossos interesses, com o risco de sermos coniventes e passivos em demasia com esse nível de intromissão”.
E termina plagiando o poeta Eduardo Alves da Costa (
http://br.geocities.com/edterranova/maia40.htm ): “É preciso tomar providências já. No 1º dia eles vem e tomam uma rosa de nosso jardim. E não fazemos nada. No 2º dia eles entram e destroem nosso jardim. E não fazemos nada. No 3º dia eles tomam nossa casa e não fazemos nada porque já não podemos fazer nada”.
Eles não podem suportar a existência de fábricas ocupadas, que salvam os empregos, pagam os salários e reduzem a jornada para 30 horas semanais sem redução de salário. E não podem aceitar nossa aliança com a revolução venezuelana e Chávez. Eles não podem aceitar a idéia de que são inúteis parasitas e que a classe trabalhadora pode organizar a sociedade muito melhor que eles.
A FIESP e ABIPLAST são organizações patronais inimigas da classe trabalhadora e o que vão perder um dia são, exatamente, todas as suas fábricas. Eles são poderosos e ameaçam, mas nossa arma é a organização e um dia seremos milhões. Ameaçados e perseguidos continuaremos organizando a classe trabalhadora para acabar com toda opressão e exploração patronal. E, assim, um dia terminar com o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção. Os capitalistas têm razão em nos odiar.
Os pelegos do sindicato dos plásticos de Joinville (não filiado a nenhuma central) são verdadeiros agentes políticos patronais dentro do sindicato. E enfrentarão a Oposição Cutista nas eleições outra vez, além de todos os processos judiciais cabíveis. Inúmeros processos judiciais por calúnia, difamação, etc., já correm na justiça contra estes gangsteres sindicais.
A Revista Veja, órgão de imprensa anticomunista, macarthista, de extrema direita, que se dedica a combater e difamar tudo o que existe de progressivo e de socialista no Brasil e no mundo, já recebeu nosso pedido de “Direito de Resposta” de acordo com a Lei de Imprensa. E está sendo acionada criminalmente por falsificação, calúnia e difamação, além de processo cível de reparação por danos morais.
Em 20 de junho, o fascista Rainoldo Uessler, junto com vários capangas, tentou também invadir e assumir a Flaskô, de Sumaré, SP, e demitir os membros do Conselho de Fábrica. Mas, os trabalhadores, que tiveram 21 dias para se preparar, pararam a fábrica e, com apoio de sindicalistas e parlamentares, expulsaram o fascista.
Então iniciou atos de sabotagem contra a fábrica: ligou para os clientes da Flaskô dizendo que não comprassem, pois eram produtos roubados, ligou para a CPFL pedindo que cortasse a energia, no que foi prontamente atendido pela multinacional e resultou em 40 dias de luta pela religação da energia. Hoje, a Flaskô retomou a produção e continua na luta pela estatização com controle operário e pelo fim da intervenção na Cipla e Interfibra.
O que a Revista Veja diz de verdade?
A Veja tem toda razão quando afirma que nós somos “comunistas do PT” e que criamos o “MST das Fábricas”. Desde 2002, militantes da Esquerda Marxista do PT ajudaram milhares de trabalhadores a defender seus empregos e assumir o controle de diversas fábricas ameaçadas de fechamento pelos patrões.
O Movimento das Fábricas Ocupadas tem atuação em Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina E se coordena internacionalmente com os movimentos de fábricas recuperadas na Venezuela, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru e outros.
A Veja diz a verdade, o que é raro, quando afirma que “A meta imediata do Movimento das Fábricas Ocupadas é a estatização das empresas sob controle dos trabalhadores”. É verdade, também, que sou fundador e membro do Diretório Nacional do PT. E que somos aliados de Hugo Chávez pelo aprofundamento da revolução venezuelana e no Movimento das Fábricas Recuperadas por Trabalhadores no Brasil e em toda a América Latina. Tudo isto, que a Veja apresenta como “acusação” é pura verdade, é político, nos orgulhamos disto e está tudo publicado.
Todo o resto da matéria é pura mentira, falsificação e calúnia. O ódio anti-socialista, ódio de classe da Veja, a leva a combater nossa política com os mais imorais e criminosos métodos.
A revista Veja afirma que “Na empresa em que a ocupação foi mais prolongada, a Cipla, tradicional fabricante de produtos plásticos em Joinville, isso significou quatro anos e sete meses de irregularidades administrativas, desvio de fundos e violência política”. Assim, a pretensa reportagem começa afirmando o que não pode provar e que desmontaremos peça por peça nos parágrafos seguintes. E nos tribunais.
Todas as mentiras da Revista Veja
¨ Mentira 1: “Três meses atrás, a Cipla sofreu intervenção judicial, ordenada porque os patrões socialistas descontavam o INSS do salário dos empregados, mas não o repassavam à Previdência Social”.
¨ Verdade 1: A intervenção judicial foi determinada (de fachada) para cobrar uma dívida da CIPLA S/A no valor de R$ 2.017.406,56. A Dívida foi deixada pelos antigos proprietários e é de 1998. Feita, portanto, quatro anos antes da ocupação.
Na verdade, a intervenção é para liquidar um movimento político anticapitalista. É perseguição política. Nunca, no Brasil, uma só fábrica controlada por capitalistas foi invadida pela PF, a pedido do governo, porque deve para a Previdência. E existem milhares, devendo bilhões de reais. Se alguém quiser a lista é só pedir.
E, além disso: “Para incentivar o investimento produtivo no País, entre 2004 e 2007, o governo federal promoveu a redução e a suspensão de impostos que incidem sobre empresas, produtos e serviços totalizando uma renúncia fiscal de R$ 29,2 bilhões no período. (Boletim EM QUESTÃO, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. nº. 523 - Brasília, 11 de junho de 2007)
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¨ Mentira 2: “No interior das fábricas, funcionários eram coagidos a freqüentar aulas sobre a ideologia comunista, a ler a respeito da Revolução Russa de 1917 ou a contribuir com ações políticas de outros sindicatos ou com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sob ameaça de perder o emprego”.
¨ Verdade 2: Todos os cursos de Formação realizados sempre foram de participação voluntária. A prova é que centenas de trabalhadores nunca fizeram qualquer curso porque não se interessaram. As atividades de formação eram dados por economistas, professores universitários, advogados, e outros convidados que podem atestar o que afirmamos.
Até a presença nas Assembléias sempre foi voluntária. E nunca ninguém foi obrigado a participar de coisa alguma “sob ameaça de perder o emprego”. Todo o movimento sindical, que sempre participou de nossas atividades e que tinha as portas da Cipla abertas, é testemunha de como tudo se passava.
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¨ Mentira 3: “Membros do Ministério Público Federal, da Delegacia Regional do Trabalho, do governo estadual, da Câmara dos Vereadores e do sindicato da categoria decidiram entregar a administração da fábrica a uma comissão de funcionários. Foi o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Material Plástico de Joinville que indicou o radialista Carlos Castro, da Esquerda Marxista do PT, para membro da comissão.”
¨ Verdade 3: A fábrica foi ocupada depois de uma greve vitoriosa deflagrada contra a vontade do sindicato que fez um “parecer jurídico” contra a greve. E Castro foi eleito pelos trabalhadores para dirigir a empresa no mesmo dia do Acordo Trabalhista assinado. O Sindicato pelego só encaminhou a decisão da assembléia porque não podia fazer outra coisa. É o que diz a própria decisão judicial: “Como fruto dessas manifestações e reivindicações, em outubro de 2002, na presença do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Trabalho, do Sindicato da categoria e de outras autoridades e políticos locais, alguns sindicalistas assumiram, em nome dos trabalhadores, a administração das empresas do Grupo Cipla. Passaram, então, a geri-las diretamente, por meio de uma comissão criada para esse fim, como forma de garantir o recebimento de seus salários, forma de gestão que perdura até hoje”.
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¨ Mentira 4: “O objetivo da comissão era salvar a empresa e os empregos, mas o que se seguiu foi pura politicagem", diz Reinaldo Schroeder, presidente do sindicato, que rompeu com a administração esquerdista da fábrica em fevereiro de 2003”.
¨ Verdade 4: A ruptura com o pelego Reinaldo Schroeder se deu porque, em julho de 2003, ele começou a realizar assembléias dentro das grandes fábricas de plástico de Joinville fazendo aprovar redução de salários com redução de jornada junto. As votações eram feitas sob as vistas dos executivos e gerentes destas empresas. Então organizamos a Oposição Cutista no Sindicato.
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¨ Mentira 5: “O assalto ao caixa da empresa foi feito de diversas formas. Foram contratados 28 petistas, entre eles líderes estudantis, agricultores e um garçom ligados à Esquerda Marxista. Um sitiante, presidente do Sindicato Rural de Araquari, cidade próxima, foi empregado como auxiliar administrativo em 2003 ganhando 1.690 reais. Em abril deste ano, era gerente com salário de 5.316 reais. Nessa condição, empregou dois irmãos, uma cunhada, uma prima e um sobrinho”.
¨ Verdade 5: O trabalhador citado foi contratado para trabalhar na auditoria que fizemos ao assumir a empresa, em 2003. Ela não era militante da Esquerda Marxista. Tinha currículo condizente e fez um bom trabalho, chegando anos depois a ser o Gerente Administrativo da Cipla. Atualmente termina faculdade de administração de empresas. Um outro irmão dele assumiu a Gerencia Comercial abandonando um emprego na metalúrgica SID onde ganhava salário maior porque decidiu, a nosso pedido ajudar a fábrica ocupada. Este trabalhador era dirigente da Pastoral da Juventude.
Por fim, nunca houve critério partidário nas contratações. É só ver as centenas que foram contratados e não se sabe que partido têm. Todas as contratações eram coletivas feitas por um Comitê de Contratação composto por membros de diversos setores da fábrica.
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¨ Mentira 6: “Funcionários eram coagidos a doar parte do salário a uma certa Associação Ferreirinha, criada para financiar projetos políticos, que também recebia 0,5% do faturamento da empresa”.
¨ Verdade 6: Mais de um terço dos trabalhadores da Cipla nunca se associou ou descontou qualquer coisa para a Associação Ferreirinha. A adesão era voluntária e por isso sempre havia campanhas de filiação. Foi criada em assembléia e envolvia trabalhadores de todas as fábricas ocupadas. A Associação Ferreirinha tem como objetivo a defesa dos empregos e a luta pela estatização das fábricas e organizou todas as caravanas a Brasília, atos, manifestações e encontros nacionais e internacionais de luta.
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¨ Mentira 7: “Comprovantes de depósito revelam que o dinheiro ia direto para a conta bancária de Goulart”.
¨ Verdade 7: Todas as despesas da empresa eram reembolsadas via depósito em conta contra apresentação das notas e recibos dos gastos. Isso era feito para todos os funcionários que viajavam a negócios ou para atividades de defesa das fábricas. Aliás, como [é normal em qualquer empresa.
O Coordenador (presidente) da Cipla trabalhava e produzia conforme sua função. E para tanto, tinha gastos de viagens comprovados. Todas as atividades eram de conhecimento e aprovadas pelas instancias competentes fosse a Comissão de Fábrica, o Comitê Administrativo e Financeiro ou as Assembléias. Todas as viagens, atividades e Congressos e Encontros sempre foram divulgados nos Boletins, Jornais e na sua página eletrônica.
Como Coordenador da Cipla dirigi durante 5 anos a empresa. Sua receita anual era de cerca de 40 milhões de reais. Toda a contabilidade era aberta e publicada semanalmente (entradas e saídas) nos murais da empresa. Meu patrimônio é hoje exatamente o mesmo de antes de dirigir a Cipla. E me orgulho de ter sido o proponente da decisão de que a regra salarial fosse de que ninguém, nem mesmo eu como Coordenador (presidente) da empresa, podia receber salário maior do que o salário do mais antigo trabalhador da Ferramentaria da Cipla, ou seja, do mais especializado operário da fábrica. Esta decisão e todos os salários, todos, foram aprovados em assembléias realizadas depois de discussões e reuniões durante seis meses, a partir de proposta apresentada por uma comissão constituída com este objetivo. Este Plano de Cargos e Salários está a disposição. É só pedir:
sergegoulart@terra.com.br.
Já o interventor, o que a Veja esconde, está recebendo 83 mil reais por mês para falir e fechar a Cipla como ele mesmo afirma na pretensa “reportagem”.
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¨ Mentira 8: “Recibos mostram que a Cipla pagou 16.633 reais pela instalação de um sistema de segurança na casa de Goulart em Florianópolis”.
¨ Verdade 8: Aqui a falsificação, omitindo fatos deliberadamente, tenta mostrar utilização particular de dinheiro da empresa. A verdade é que esta foi uma decisão coletiva da direção da empresa para proteger a família de seu coordenador após um assalto na Cipla, em 4/02/06. Os assaltantes num sábado a noite renderam a guarda e levaram o Caixa Automático do Bradesco no interior da empresa, além de arrombar uma parede na antiga sala usada antigamente pelo ex-proprietário. Descobriu-se, então que esta parede tinha um fundo duplo, que desconhecíamos e de onde foi retirado algo que ainda não sabemos o que era. Todo o setor financeiro e administrativo foi revirado. Os assaltantes disseram aos guardas que voltariam para por fogo quando o depósito estivesse cheio de matéria prima. Poucos dias depois o Caixa Bradesco foi encontrado atirado em um mangue sem que os assaltantes tivessem tocado nos mais de 60 mil reais que ele continha.
Nas três semanas seguintes minha casa em Florianópolis, onde residem minha mulher e duas filhas pequenas, foi assaltada três vezes e meu escritório revirado. Objetos de valor não foram elevados. Minha família estava aterrorizada inclusive pelo fato de que eu passava a semana fora da cidade por causa da Cipla e do Movimento das Fábricas Ocupadas.
Frente a esta situação que tornava inviável minha permanência fora de minha casa e, portanto colocava em risco minhas atividades de defesa e administração da Cipla, a direção eleita decidiu instalar um sistema de segurança em minha casa para proteger minha família. Uma decisão política tomada pelas instancias competentes e legais na administração da empresa.
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¨ Mentira 9: O interventor Rainoldo Uessler é “Perito de Florianópolis especializado em recuperar empresas....”
¨ Verdade 9: Este interventor foi durante 20 anos diretor do Tribunal de Justiça de SC e amigo de muitos, muitos juízes. Agora tem um tal “Instituto Rainoldo Uessler” especializado em liquidação de empresas falidas onde ganha milhões. Foi o concordatário da Cipla de 1998 a 2000 quando trabalhou amigavelmente com os antigos proprietários, exatamente na mesma época em que estes não pagavam ninguém e se apropriavam dos descontos previdenciários feitos dos trabalhadores. A ação do INSS que dá base para a intervenção agora é exatamente desta época (1998). Há uma lista de empresas que ele fechou e outras que ele não conseguiu fechar porque os proprietários conseguiram impedir na justiça seus objetivos inconfessáveis.
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¨ Mentira 10: “... ele está no comando da Cipla e de outras duas fábricas que estiveram sob ocupação da Esquerda Marxista do PT. Sua missão é prejudicada por sabotagens praticadas pelos militantes remanescentes nas fábricas”.
¨ Verdade 10: Não há nenhuma sabotagem. Como não queremos fechar a Cipla, não queremos vê-la destruída, mas retomá-la sob controle dos trabalhadores, é que fomos nós que pedimos aos trabalhadores que se mantivessem trabalhando enquanto levamos a batalha judicial e política para por fim à intervenção.
O que ele chama de sabotagem é o resultado do terror que impôs com a Polícia Federal e depois com um exército privado armado que segue os operários até no banheiro e impede a conversa em grupos dentro da fábrica. Depois do terror o desanimo é imenso dentro da fábrica e isto age direto na produção. Qualquer idiota sabe disso. Além do que ele é incapaz de fazer funcionar a fábrica porque fornecedores e compradores, clientes, sabem que ele vai falir a Cipla. Quem vai vender para não receber ou fazer pedidos que não serão entregues? É por isso que grandes clientes, como a Mercedes Benz, já se preparam para se retirar seus moldes e produzir em outras empresas.
É por isso que ele decidiu absurdamente “cortar custos em 35%” e “reduzir a folha de pessoal em 26%” determinando aos chefes atuais que fizessem as listas de nomes a cortar (decisão do interventor descrita em ATA de 2/07/07).
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¨ Mentira 11: “Mais de 230 empregados foram demitidos durante a ocupação, a maioria por razões políticas”.
¨ Verdade 11: Nunca houve demissão política. Das 230 demissões ocorridas em cinco anos, 180 destas foram no primeiro mês da ocupação. E a pedido dos próprios trabalhadores que não acreditavam que íamos salvar a Cipla e preferiam ir buscar outro trabalho. O clima na época era terrível, sem matéria prima, sem capital algum e com montanhas de dívidas.
Aliás, toda a imprensa, os patrões, e seus políticos afirmavam abertamente que em três meses estaríamos fechados. Estavam enganados, como se comprova hoje. Sobrevivemos cinco anos e viemos de um faturamento de 900 mil para mais de 3 milhões mensais. Salvamos os empregos e pagamos os salários. Inclusive os 2 milhões de férias e salários atrasados. Fizemos um Acordo com a Justiça do Trabalho (Acordo recusado sempre pelo INSS) e o cumprimos rigorosamente durante anos. Pagamos mais de 2 milhões das ações trabalhistas deixadas pelos antigos proprietários. Restabelecemos a confiança de fornecedores e clientes. E a Cipla voltou a existir e seus trabalhadores não se envergonhavam mais de dizer onde trabalhavam.
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¨ Mentira 12: “No auge da tensão, os dirigentes ordenaram a fabricação de quarenta cassetetes de madeira e manoplas de plástico. Aulas de artes marciais começaram a ser ministradas para um grupo seleto de jovens. Para os empregados, foi um sinal de que todos estavam correndo perigo”.
¨ Verdade 12: A segurança da Fábrica sempre foi assegurada coletivamente após decisão de Assembléia e das diversas tentativas de retirada de máquinas e equipamentos pelos leilões promovidos a pedido do INSS. Depois do assalto a segurança foi reforçada com equipes de trabalhadores voluntários se revezando para ajudar a guarda fixa pois não havia dinheiro para contratar mais guardas.
O Tai Chi Chuan é praticado na China por milhares de homens, mulheres e crianças de todas as idades. E começa a ganhar o Brasil gradativamente pelos seus benefícios, sendo até foco de pesquisa realizada no Hospital das Clínicas, por seus elementos de equilíbrio corporal e mental. Temos uma lista de grandes corporações que utilizam este recurso para potencializar sua produtividade. Era, entretanto, praticado por apenas cerca de 90 trabalhadores, a maioria deles idosos com problemas de coluna ou postura. Foi por isso também que contratamos terapeuta e assistente social. Quando os trabalhadores assumiram o controle a Cipla acontecia uma média de 157 acidentes graves por ano. Um ano depois nossa média era de 8 por ano. Saúde em primeiro lugar, não os lucros patronais.
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¨ Mentira 13: “Nas três fábricas de Joinville sob intervenção, a maioria dos funcionários aprova a nova situação. A esperança é que seja decretada a falência das firmas. Dessa forma, poderiam formar cooperativas e assumir a administração das empresas... Os funcionários querem fazer exatamente isso, dessa vez, sem a intromissão de militantes comunistas”.
¨ Verdade 13: Uma semana após a intervenção o fascista nomeado pelo juiz fez com que os chefes de setor passassem um abaixo assinado indo de máquina em máquina e de mesa em mesa. Ao lado do abaixo assinado seguia junto um “homem de preto”, segurança privado armado, para proteger o chefe capacho. E na porta da fábrica tirou o Outdoor que dizia “Empresa sob Controle dos Trabalhadores” e colocou outro dizendo “Os funcionários apóiam a intervenção”.
Dizer que os operários querem a falência e a criação de uma cooperativa é uma afirmação ridícula. Só quem não conhece o que pensam os operários da Cipla e Interfibra pode afirmar uma idiotice destas. A Profiplast, outra empresa de Joinville sob intervenção do mesmo fascista Rainoldo, tinha 130 trabalhadores. Agora tem uma cooperativa com 27 remanescentes. Se a mesma “esperança” for aplicada na Cipla e Interfibra, como promete o interventor e a revista Veja elogia, dos 1.000 trabalhadores das duas fábricas, restarão apenas 201 operários-patrões por um breve tempo até que o mercado, dominado por enormes empresas, os liquide.
A única verdade é que...
Eles fecham, nós abrimos as fábricas. Eles roubam terras e nós ocupamos. Eles fazem guerras e destroem nações, nós defendemos a paz e a integração soberana dos povos. Eles dividem e nós unimos. Porque somos a classe trabalhadora. Porque somos o presente e o futuro da humanidade.
Convocamos todos a continuar esta luta e ampliá-la aprofundando a unidade e a luta que levamos junto com toda a classe operária e os povos contra o inimigo comum da humanidade.
Venceremos!
Serge Goulart
Coordenador do Movimento das Fábricas Ocupadas/Brasil
E-mail:
sergegoulart@terra.com.br
http://www.tiremasmaosdacipla.blogspot.com/
http://www.marxismo.org.br

Aqui está a matéria mentirosa da Revista Veja

Com o título de “Ocupar e arruinar”, a Revista Veja publicou na edição de 29 de agosto de 2007 uma matéria para atacar o movimento de ocupação de fábricas, caluniar seus dirigentes e criminalizar a Esquerda Marxista do PT, organização que lidera essas ações no Brasil.
Clique aqui para ler a íntegra esse absurdo:
http://veja.abril.com.br/290807/p_086.shtml
Saiba também que o PSDB fez questão de publicar a matéria em seu site: (
http://www.psdb.org.br/noticias.asp?id=31945).