quinta-feira, 24 de abril de 2008

Tribunal Popular para Julgar a Intervenção Federal na Cipla e Interfibra

Um ano depois da intervenção na Cipla e Interfibra, para supostamente cobrar uma dívida dos ex-proprietários com o INSS, o balanço é de mais de 300 demitidos, o interventor mais rico, calúnias e perseguição contra os dirigentes do movimento.

Nos dias 04 e 05 de julho de 2008, em Joinville, Santa Catarina, se reune um Tribunal popular Nacional para julgar a intervenção decidida pelo governo Lula e a crescente criminalização dos movimentos sociais.

Desde novembro de 2002 os 1.000 trabalhadores da Cipla e Interfibra ocuparam estas fábricas para salvar seus empregos e seus direitos trabalhistas. Com as fábricas sob controle dos trabalhadores eles retomaram a produção e dirigiram as fábricas por cinco anos elegendo todos os anos democraticamente seus dirigentes para o Conselho de Fábrica. Sua luta é pela estatização das fábricas ocupadas para manter seus empregos e direitos, pois sabem que o mercado capitalista é o caos e o reino das grandes multinacionais e bancos.
Ocupando fábricas para salvar seus empregos os trabalhadores do Movimento das Fábricas Ocupadas se somam à luta do MST de ocupação dos latifúndios. Fábrica ocupada é emprego na cidade, latifúndio ocupado é emprego no campo!
Lutando por seus direitos mais elementares o Movimento das Fábricas Ocupadas se soma ao Movimento Nacional de Direitos Humanos, através do CDH-Joinville, pois os direitos humanos espezinhados e ignorados são sempre os direitos das classes trabalhadoras. E os que agem contra estes direitos são sempre os capitalistas e seus governos.
Durante cinco anos os trabalhadores mostraram na prática que não precisam de patrões para administrar as fábricas. Mas, isso foi insuportável para os capitalistas. O presidente da Abiplast (Patronal dos plásticos do Brasil) afirma que a existência de fábricas ocupadas e sua relação com o governo da Venezuela é uma afronta as leis e ao direito de propriedade. Paulo Skaf, presidente da FIESP exige “medidas imediatas em defesa da democracia”. E o inacreditável aconteceu.
Em 31 de maio de 2007, atendendo um pedido do INSS (Ministério da Previdência) com a falsa justificativa de cobrar dívidas dos antigos patrões, 150 policiais federais armados até os dentes invadem a Cipla e a Interfibra expulsando as Comissões de Fábrica eleitas e dando posse a um interventor nomeado por um juiz federal. Um clima de terror é instalado e uma caça às bruxas é iniciada.
Hoje, quase um ano depois da intervenção a luta contra a intervenção continua. Mais de 300 trabalhadores já foram demitidos, voltaram as 44 horas semanais, acabaram todas as conquistas, o terror continua, e nada foi resolvido e nenhuma dívida foi paga com o INSS. O interventor continua recebendo seu salário que inicialmente foi de R$ 300 mil e os capitalistas e seus serviçais estão felizes.
A CUT, o MST, o MNDH, congressos sindicais, parlamentares, centrais sindicais de dezenas de países, tomaram posição de luta contra a intervenção e pela devolução das fábricas aos trabalhadores.
O governo Lula recusa retirar o pedido de intervenção. E vemos, ainda, uma crescente escalada criminalização de greves, de manifestações, de parlamentares que se expressam ao lado do povo, da luta pela reforma agrária, das lutas estudantis e da juventude. Multiplicam-se os dirigentes sindicais ameaçados e perseguidos. A criminalização dos movimentos sociais cresce assustadoramente.
Para discutir estas questões o Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra convida para o Tribunal Popular que Julgará a Intervenção na Cipla e Interfibra (Fábricas Ocupadas). Haverão sessões dedicadas aos diferentes ataques sofridos pelos movimentos sociais criminalizados com depoimentos de casos concretos.
Neste Tribunal Popular estarão presentes representantes de centrais sindicais, sindicatos, partidos, parlamentares, movimentos sociais de diversos países.
Participe! Faça Contato!
(48) 9919-9940

Trabalhadores da Flaskô reduzem a jornada de trabalho para 30 horas semanais!

Em assembléia geral ocorrida em março, os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô decidiram reduzir a jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução dos salários. A medida já está em vigor, mas em caráter experimental. Após três meses, os trabalhadores irão avaliar se têm condições de tornar definitiva a jornada de 6 horas diárias. No entanto, confiança e empenho não irão faltar para manter essa conquista!
Além de beneficiar os trabalhadores, a medida também foi adotada levando-se em conta a difícil situação da fábrica, que não está em plena capacidade produtiva e necessita reduzir gastos com energia elétrica para continuar sobrevivendo. O ideal, conforme discutido na assembléia, é superar esse momento ruim e conseguir gerar mais postos de trabalho adiante, aproveitando todo o potencial da fábrica.

Conquista
A redução da jornada é uma conquista da gestão operária sobre a fábrica. No segundo ano de ocupação, a jornada na Flaskô passou de 44 para 40 horas semanais e, assim, os trabalhadores conquistaram o sábado livre para ter mais tempo de descanso e lazer com a família e amigos. E agora, no quinto ano de controle operário, a jornada é reduzida ainda mais, sem redução salarial! Já na época dos patrões, há registro de jornadas que alcançavam até 12 horas no dia, sem pagamento de horas-extras!
Com menos horas de trabalho no pé da máquina, é possível melhorar a qualidade de vida dos operários e estimular a vontade de voltar a estudar. Assim, um curso gratuito de informática foi organizado na fábrica e já conta com duas turmas em andamento.

30 horas na Cipla
A jornada de 30 horas semanais havia sido implantada primeiramente na Cipla e Interfibra, em janeiro de 2007, após aprovação em assembléia geral ocorrida na abertura do Encontro Pan Americano em dezembro de 2006. De imediato, a medida gerou 70 novos postos de trabalho na Cipla.
Aliás, esse foi um dos motivos que fez os patrões odiarem ainda mais o Movimento das Fábricas Ocupadas e a organizar a intervenção federal, com a cobertura do governo Lula. Logo na primeira semana, o interventor fez retornar as 44 horas semanais de jornada, atacando uma das principais conquistas da gestão operária. Esse e outros crimes serão julgados em 27 e 28 de junho de 2008, no Tribunal Popular Nacional para Julgar a Intervenção, em Joinville/SC.

Apoio da CNQ – CUT
O companheiro Donizetti (segundo da esquerda para direita), presidente da Confederação Nacional dos Químicos da CUT, visitou a Flaskô recentemente e apoiou a decisão da assembléia.
Além disso, discutiu com os membros do Conselho de Fábrica a continuidade da campanha pela aprovação da Emenda Constitucional 393/01, que busca reduzir a jornada para 40 horas semanais em todo o Brasil.
A CUT e outras centrais convocam para o dia 28/05 um dia de luta pela redução da jornada de trabalho e no dia 29/05, entregarão as folhas de abaixo-assinado da campanha em Brasília.
O exemplo das fábricas ocupadas mostra que é possível a redução da jornada, afinal, se numa empresa pequena, endividada e cheia de problemas como a Flaskô é possível chegar nas 30 horas semanais, então, não há argumentos para manter a jornada em 44 horas no restante do Brasil. Trata-se de um abuso contra o trabalhador que só serve para elevar o lucro dos empresários. E isso tem que mudar!

Vitória! Trabalhadores argentinos retomam fábrica após despejo!


Clique na imagem para ler a matéria publicada no jornal Luta de Classes, edição 10 (http://www.marxismo.org.br/) sobre a IMPA, metalúrgica ocupada pelos trabalhadores desde 1998, que sofreu um violento despejo policial, mas foi retomada ontem (dia 23/04) e voltou a produzir sob controle operário!

Parabéns aos companheiros argentinos!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Violenta intervenção na fábrica IMPA - metalúrgica ocupada na Argentina desde 1998

Carta de Solidariedade aos companheiros trabalhadores da fábrica IMPA

Estimados companheiros,
Estimado companheiro Eduardo Vasco Murua (camisa branca na foto),
Acabamos de tomar conhecimento do violento ataque que sofreram na Argentina e imediatamente decidimos organizar uma delegação ao Consulado da Argentina, em São Paulo, para exigir o fim da repressão e a devolução da fábrica aos seus trabalhadores.
Como tem conhecimento, aqui no Brasil sofremos a mesma repressão por parte do governo Lula, em 31 de maio de 2007, que determinou a intervenção nas fábricas ocupadas, Cipla e Interfibra , com uma tropa de mais de 150 policiais fortemente armados e, desde então, têm adotados medidas para fechar a fábrica. Hoje passam de 300 os demitidos e todos as conquistas da gestão democrática dos trabalhadores foram revogadas, como a redução para 30h a jornada de trabalho com a manutenção dos salários. Um movimento muito importante de resistência e apoio a luta aqui no Brasil e no mundo no se levantou contra o ataque fascista e intervenção. Na época contamos com a importante solidariedade do companheiro Murua da IMPA. Sabemos que a unidade do movimento operário pelo fim da intervenção foi determinante para impedir a invasão da Flaskô cerca de 45 dias após.
Por tudo isso estamos organizando para os dias 27 e 28 de junho um Tribunal Popular para Julgar a Intervenção das Fábricas Ocupadas, no Brasil. Desde já queremos convidá-los a estar presente com uma delegação de IMPA e de todo o vosso movimento.
Sabemos que todo fábrica fechada é um cemitério de postos de trabalho e por isso os patrões e seus lacaios não podem aceitar que nossa classe se levante contra a barbárie que o capital e seus governos organizam, por isso eles não podem aceitam que existam fábrica tomadas pelos trabalhadores que seguem a luta em defesa dos interesses de seus irmãos pelo fim da exploração de classe. Por isso eles nos atacam, e se utilizam da mais dura repressão para nos tentar dividir, desmoralizar e fazer abandonar nossa caminho de luta para o socialismo.
De outro lado, sabemos que a classe operária tudo pode, se sabe construir sua unidade e não se dobra aos interesses do capital. Os trabalhadores da IMPA tem demonstrado isso mantendo seus empregos nestes 10 anos. Por toda América Latina e no mundo vemos a resistência revolucionária dos trabalhadores cuja ponta de lança é a revolução venezuelana.
Por isso nos somamos a dura luta dos nossos irmãos trabalhadores da IMPA pelo fim da repressão e exigimos que devolvam a fábrica a seus trabalhadores que há mais de dez anos tem lutado pelos seus postos de trabalho.
Estamos a disposição dos companheiros para o que for necessário.
Um ataque a um é um ataque a todos!
Exigimos: Devolvam a fábrica a seus trabalhadores! Fim da repressão na IMPA!

Serge Goulart – Coordenador do Movimento das Fábricas Ocupadas do Brasil
Pedro Santinho – Coordenador da Flaskô (Fábrica sob controle dos trabalhadores/SP)
Caio Dezorzi – pela Secretaria da Esquerda Marxista


Reprimiram aos trabalhadores de IMPA e a colegas da ANTA-CTA, que acompanham a luta

No dia 17 de abril de 2008, sucederam-se feitos de repressão policial contra os trabalhadores da empresa recuperada IMPA e contra todos os colegas da Associação Nacional de Trabalhadores Autogestionados-CTA, que acompanham a luta pela manutenção da fonte de trabalho mantida de forma autogestionada por parte dos trabalhadores de dita fábrica.
Para contextualizar cabe esclarecer que a empresa autogestionada IMPA tem estado em concordata de credores desde 1997 e pagou 90% da dívida. Ainda que tendo chegado a um princípio de acordo com duas de seus credores faz menos de uma semana, o juiz resolveu pelo despejo de IMPA sem mediar nenhum tipo de negociação prévia e desconhecendo por completo as tratativas e acordos obtidos com ditos credores já citados.
Assim é que ordenou o despejo pela força da fábrica, o qual se concretizou na terça-feira 15 de abril de 2008, às 22 hs. É assim que no dia de ontem, 16 de abril de 2008, se juntou um grande grupo de trabalhadores autogestionados em apoio da fonte de trabalho dos colegas de IMPA, e pela continuidade trabalhista dos mesmos na empresa que souberam recuperar e pôr novamente em funcionamento faz anos atrás.
E neste dia, e para não sair de seu costume, a Polícia Federal reprimiu ferozmente a todos os colegas que mantinham a vigília na porta da fábrica. Sem mediar nenhuma provocação por parte dos colegas, senão simplesmente a pressão provocada pela presença no lugar e por manter viva consigna-a de que “IMPA é dos trabalhadores”, é que a polícia começou sua provocação e repressão mediante os jatos de seu carro hidrante ao que continuou com os disparos de balas de borracha e gases lacrimogêneos sem lhes importar para nada que dessa maneira podiam ferir gravemente, dado o estreito das ruas da zona, não somente aos colegas que estavam ali senão que também aos vizinhos que conhecem e apóiam aos trabalhadores de IMPA.
O resultado da feroz repressão é que detiveram a 35 colegas, dos quais 20 são de IMPA e 15 de cooperativas pertencentes a ANTA (Associação Nacional de Trabalhadores Autogestionados).
Por tudo isto solicitamos a todas as organizações, que estejam na senda da luta dos trabalhadores e pela reivindicação e defesa de seus postos de trabalho e por seus direitos, que difundam o sucedido da maneira o mais amplamente possível e também estar atentos a que SE TOCAM A UM NOS TOCAM A TODOS.
Muito obrigado por sua atenção e abraços para todos.

Traduzido de
http://www.cta.org.ar/base/article9264.html

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Nacionalização de siderúrgica na Venezuela

Após anunciar a nacionalização da indústria de cimento e de comprar a rede de produção de laticínios "Los Andes", o governo Hugo Chávez da Venezuela acaba de anunciar a nacionalização de Sidor, a maior siderúrgica do país.
Trata-se de uma vitória histórica da classe trabalhadora, que se mobilizou em apoio aos operários da siderúrgica, após repressão exercida pela Guarda Nacional contra um protesto na fábrica e que resultou em dezenas de feridos e em derramamento de sangue. (Foto: trabalhadores de Sidor comemoram reestatização).

Segue abaixo um texto traduzido do site da Corrente Marxista Revolucionária da Venezuela que conta a história dessa vitória e o que ela significa para o avanço da revolução:
http://venezuela.elmilitante.org/content/view/6111/

Visite também a página da FRETECO – Frente Revolucionária de Trabalhadores de Empresas em Co-gestão e Ocupadas:
www.controlobrero.org


Chávez reestatiza Sidor. Uma vitória histórica para a classe trabalhadora

À uma hora e 22 minutos da madrugada de quarta-feira, dia 09/04, o vice-presidente Ramón Carrizales anunciou a decisão do presidente Chávez de reestatizar a gigantesca planta siderúrgica Sidor, situada no sul do estado de Bolívar. A decisão foi tomada quando o grupo multinacional ítalo-argentino Techint (que possui a maioria das ações de SIDOR) se recusou a fazer concessões aos trabalhadores no Contrato Coletivo de Trabalho.

Os trabalhadores de Sidor vêm lutando durante mais de 15 meses por melhores salários e condições de saúde e segurança no contrato coletivo. Os principais pontos de controvérsia são os seguintes: 1) aumento de salário, onde a empresa oferecia muito pouco e queria adiar qualquer novo aumento salarial em até 30 meses; 2) o tema da subcontratação, onde os trabalhadores exigem que todos os trabalhadores subcontratados (9 mil de um total de 15 mil) devem incorporar-se à empresa em caráter permanente, 3) deve haver um aumento substancial para os aposentados, que atualmente recebem abaixo do salário mínimo.

Sidor foi privatizada em 1997 sob o governo de Rafael Caldera, quando o ex-guerrilheiro Teodoro Petkoff (na atualidade um destacado líder da oposição de direita) era o encarregado das privatizações. Sidor é agora propriedade da multinacional ítalo-argentina Techint, que tem feito milhões de lucro respaldada pela massiva sobre-exploração dos trabalhadores, e que se traduz em um notável aumento de mortes e acidentes no trabalho. José "Acarigua" Rodríguez, dirigente do Sindicato de Trabalhadores de SUTISS, descreve os dez anos de privatização como de “humilhação e maus tratos por parte da multinacional, que tem indignado os trabalhadores do país”, e culpou a Techint pelos 18 trabalhadores que morreram em acidentes na unidade.

Quando Chávez fes um chamamento à “nacionalização de tudo o que foi privatizado”, em janeiro de 2007, os trabalhadores responderam com greves espontâneas e levantaram a bandeira venezuelana nas instalações de Sidor. Começaram a exigir a nacionalização. Finalmente, depois de muitas negociações e pressões do governo argentino de Kirchner se chegou a um acordo entre Techint e o governo venezuelano. A empresa aceitou vender parte da produção no mercado nacional a preços preferenciais, em troca de evitar a nacionalização. Mas esse acordo não poderia durar. Ao longo de 15 meses de negociação coletiva de trabalho a empresa manteve uma atitude de provocação. Até que a paciência dos trabalhadores se esgotaram e começaram uma série de paralisações em janeiro, fevereiro e março.

Qual foi a resposta do Ministério do Trabalho? Em primeiro lugar tratou de impor uma
arbitragem obrigatória aos trabalhadores. Logo, a Guarda Nacional foi enviada pelo governador do Estado de Bolívar para reprimir brutalmente os trabalhadores em 14 de março, durante uma greve de 80 horas. Vários trabalhadores foram detidos, incluindo o líder sindical "Acarigua", e muitos ficaram feridos durante o ataque. A Guarda Nacional atuou de uma maneira particularmente cruel, destruindo automóveis de trabalhadores e outros bens. Os trabalhadores e as massas da região responderam com um claro instinto de classe. Organizaram piquete e reuniões de solidariedade, ameaçaram com greves em outras empresas, etc.

Este incidente é o mais grave entre os trabalhadores e a Guarda Nacional durante o governo Chávez, inclusive pior do que quando a policia bloqueou em Aragua os trabalhadores de Sanitários Maracay que iam participar em uma marcha organizada por FRETECO (Frente Revolucionária de Trabalhadores de Empresas em Co-gestão e Ocupadas) em Caracas. Os trabalhadores de Sidor denunciaram o fato de que o comandante local da Guarda Nacional se manteve em estreito contato com a direção da companhia e basicamente estava atuando sob suas ordens. Aqui vemos um dos mais importantes desafios que enfrenta a revolução venezuelana. O velho aparelho do estado, criado e aperfeiçoado durante 200 anos para servir aos interesses da classe dominante, ainda que debilitado pela revolução, segue basicamente intacto e, assim, serve aos mesmos interesses.

Como disse um deputado bolivariano de Guyana: “considero que estes abusos estão muito longes dos princípios revolucionários promovido pelo Presidente da República”. Este deputado, El Zabayar, que defendeu publicamente a nacionalização de Sidor explicou, além disso que, “há setores dentro do Estado que jogam pelo desgaste e utilizam as autoridades governamentais para assumir uma atitude pró-patronal”. Esse é precisamente o problema: o aparato de Estado segue sendo em grande parte o mesmo e um Estado capitalista não pode ser utilizado para levar a cabo uma revolução socialista.

Inclusive depois dessa brutal repressão, o Ministério do Trabalho (que também jogou um papel terrível na luta de Sanitários Maracay), insistiu em chamar um referendo dos trabalhadores para que aceitassem a proposta da empresa. José Meléndez, outro dirigente de SUTISS, criticou duramente o papel do Ministério: “eles nos acusam de ser os causadores dos problemas porque rechaçamos sua votação. Mais de uma vez temos mostrado nosso apoio à revolução, mas isso não significa que vamos permitir que o Ministro do Trabalho siga uma política contra-revolucionária e contra os trabalhadores; o que afinal de contas, só beneficia a direita”. E agregou: “o Ministro disse que estamos contra o processo, que somos contra-revolucionários, mas a verdade é que ele que está arranhando a reputação do Presidente. É o ministro que está atuando a favor da direita, como porta voz da companhia”.

Os trabalhadores corretamente se mantiveram unidos e se opuseram a essa votação e organizaram sua própria votação em 03 de abril, com duas opções: 1) aceitar a oferta da empresa, 2) mandato ao sindicato para continuar as negociações. A imensa maioria dos trabalhadores rechaçou a oferta de Sidor, com o voto contra de 3.338 trabalhadores e somente 65 a favor.

Logo, em 04 de abril, os trabalhadores se colocaram em greve e marcharam de novo à Universidade Bolivariana, em Bolívar, onde o presidente assistia uma cerimônia de graduação e exigiram ser ouvidos. Como resultado dessa pressão, o presidente Chávez interveio em programa de TV ao vivo em 06 de abril, para deixar claro sua posição. Entre outras coisas lembrou que os trabalhadores de Sidor e de outras indústrias básicas de Guyana se opuseram ao lock-out patronal de 2002, “mesmo recebendo ameaças de morte e inclusive quando se cortou o fornecimento de gás de Anaco, marcharam até Anaco e enfrentaram a polícia”. Assinalou que as condições dos trabalhadores eram “horríveis” e que “o governo revolucionário tem que exigir de qualquer empresa, nacional ou multinacional, latino-americana, da Rússia, de qualquer parte do mundo que cumpra com as leis venezuelanas”, referindo-se à lei aprovada em 1º de maio do ano passado que proíbe a subcontratação. Também anunciou que havia dado instruções ao Vice-presidente Ramón Carrizales para que se reunisse com o líder de SUTISS, Acarigua, e logo com a companhia para tratar de resolver a questão.

Acrescentou que seu governo “respeita o marxismo, as correntes marxistas, o método marxista” e que é um governo “operário” e que “saberá tomar as medidas necessárias”. Explicou que sempre trata de “buscar um acordo, a negociação e assim sucessivamente, mas a Sidor, a partir do dia de ontem, eu digo já basta”. Chávez também afirmou que sua intervenção foi o resultado da visita que lhe fizeram os trabalhadores de Sidor, que foram à reunião de graduação em Bolívar para conhecer sua opinião no conflito. Assinalou que teve duras conversas com o governador regional de Bolívar durante a repressão da Guarda Nacional para relembrá-lo das “velhas instruções para cuidar dos trabalhadores”.

Essa intervenção de Chávez, através do vice-presidente, de fato, foi uma bofetada na cara do governador regional e sobretudo no Ministro do Trabalho, José Rivero. Ele foi deixado de lado e o governo se alinhou claramente com os trabalhadores. A empresa, que até o momento havia dito que não ia falar com os trabalhadores, aceitou marcar uma nova reunião.

Uma reunião com as três partes, a empresa, o sindicato e o vice-presidente aconteceu em 08 de abril, na qual a companhia fez concessões menores. Logo após a meia-noite, o vice-presidente Carrizales afirmou que a reunião não poderia terminar sem um acordo e pediu à companhia, pela última vez, se ela estava disposta a fazer uma contra-proposta final ao sindicato sobre os salários e quando a empresa se negou, insistiu que essa negativa constaria na ata da reunião. Depois saiu, chamou o presidente Chávez e regressou para anunciar a reestatização de Sidor.

Milhares de trabalhadores, de imediato, começaram a celebrar uma vitória que nem sequer acreditavam ser possível. De fato, a direção do sindicato havia declarado horas antes que, depois da assinatura do contrato coletivo, continuaria a campanha pela nacionalização de Sidor.

Este é outro ponto de inflexão na revolução venezuelana e uma clara indicação da direção que deve tomar. Não se trata de uma pequena empresa em bancarrota tomada pelo Estado e sim do único fornecedor de aço do país e o quarto produtor de aço da América Latina. Essa decisão pode provocar uma reação por parte das multinacionais e também por parte do governo argentino, que no passado havia exercido uma enorme pressão sobre Chaves em defesa de Techint. A revolução venezuelana e seus partidários no estrangeiro, em particular na Argentina, devem estar preparados para resistir a essa pressão e lançar uma campanha em defesa da nacionalização. Os trabalhadores de Sidor devem tomar medidas imediatas para por em prática o controle operário a fim de evitar que a companhia incorra em todo o tipo de sabotagens. Devem tomar as instalações, controlar o estoque e, sobretudo, devem abrir os livros de contabilidade da empresa.

Mais importante, essa nacionalização provém principalmente como resultado da pressão dos trabalhadores em luta, que também foram encorajados pelo recente anúncio de Chávez de nacionalizar a produção de cimento do país. Essa é agora uma força de trabalho despertada e mobilizada que exigirá o controle operário. Nas nacionalizações anteriores, incluindo a recente planta de laticínios, Chávez tem insistido aos trabalhadores que devem estabelecer “Conselhos de Trabalhadores” ou “Conselhos Socialistas”. Eles devem ser utilizados pelos trabalhadores e pelo sindicato SUTISS, para o exercício do controle e da gestão operária. Como os trabalhadores venezuelanos sabem muito bem, a nacionalização em sim mesma não garante os interesses dos trabalhadores e do povo. Por exemplo, a PDVSA foi durante mais de 25 anos uma propriedade estatal, onde se desenvolveu uma burocracia enorme que respondia aos interesses da oligarquia e das multinacionais do petróleo.

Bolívar é uma das concentrações mais importantes da classe operária industrial, um fator decisivo na revolução. A vitória dos trabalhadores de Sidor estimulará também os trabalhadores de outras indústrias básicas da região a seguir adiante na luta pelo controle operário democrático.
A reestatização de Sidor é outro passo adiante na direção correta. Nos últimos meses a oligarquia tem intensificado sua campanha de sabotagem contra a economia, em particular no setor de distribuição de alimentos. Ao mesmo tempo, o imperialismo tem aumentado suas provocações e ameaça em colocar a Venezuela na lista de países que “hospedam o terrorismo”. Agora é o momento de dar passos decisivos à frente na nacionalização dos setores fundamentais da economia sob controle democrático dos trabalhadores e, por último, completar a revolução.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Hugo Chávez anuncia nacionalização da indústria de cimento na Venezuela

Publicado: 04/04/2008 - 17:47
Por CUT

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na última quinta-feira (3) a nacionalização imediata de toda a indústria de cimento do país.
Em um pronunciamento transmitido pela TV, o presidente disse que seu governo não pode permitir que companhias privadas exportem o cimento que é necessário para atacar o grave problema habitacional da Venezuela. "Se os ricos querem fazer suas casas, podem fazê-las, mas respeitem os outros", disse Chávez, segundo a Agência Bolivariana de Notícias (ABN), ao afirmar que a indústria de cimento deve seguir o caminho socialista. Chávez afirmou que as empresas receberão o pagamento de uma compensação justa pela nacionalização de um setor que ele classificou como "estratégico" para o país. Três das principais indústrias de cimento da Venezuela pertencem a grupos estrangeiros. A mexicana Cemex domina quase metade do mercado venezuelano. Quase todo o restante está nas mãos da francesa Lafarge e da suíça Holcim.

Confederação Nacional dos Químicos da CUT visitará a Flaskô

A CNQ, confederação cutista que representa milhares de trabalhadores do setor químico e plástico, aprovou em seu congresso do ano passado, todo apoio à luta do Movimento das Fábricas Ocupadas, contra a intervenção na Cipla e Interfibra.
Para dar seqüência a esse apoio, o companheiro Donizetti, presidente da CNQ, visitará a Flaskô e, antes, vai conversar com a subsede da CUT Campinas para que mais e mais sindicatos da região apóiem a luta.
Será realizada uma assembléia no dia 14/04, próxima segunda-feira, às 18h30 para discutir com o Donizetti o início de uma campanha permanente de defesa da Flaskô, através dos sindicatos filiados à CNQ e demais apoiadores. Todos os interessados estão convidados a participar!

Defesa permanente da Flaskô
A idéia é que a confederação, cada sindicato filiado, além de parlamentares, movimentos sociais e outras entidades, publiquem em seus boletins e na internet uma logomarca das Fábricas Ocupadas para divulgar a luta da Flaskô e o Tribunal Popular para Julgar a Intervenção na Cipla e Interfibra, que será no dia 27 e 28 de junho.
É importante também que a campanha traga também ajuda financeira para as mobilizações. Por isso, nesse dia, também será discutida a venda solidária de mil cópias do vídeo “Resistindo e Produzindo”, feito pela Flaskô em janeiro desse ano. Se cada DVD for vendido a 15 reais, podemos faturar 15 mil em contribuições financeiras de sindicatos e parlamentares! Quem quiser ajudar, pode pedir pelo e-mail:
mobilizacaoflasko@yahoo.com.br.

Campanha pela redução da jornada
Além disso, também será discutida a campanha de abaixo-assinado pela redução da jornada de trabalho. A CUT e outras centrais sindicais pretendem entregar ao Congresso Nacional um milhão de assinaturas favoráveis à redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução dos salários. A Flaskô e o Movimento das Fábricas Ocupadas apóiam a iniciativa e estão difundindo o abaixo-assinado.


Visita da CNQ à Flaskô e Lançamento da Campanha Permanente em Defesa do Movimento das Fábricas Ocupadas
Dia 14/04, segunda-feira, às 18h30

Piquete por emprego e salário em fábrica de motos na Argentina

Seguem os informes traduzidos que recebemos e cópia da moção enviada pela Flaskô...

Os colegas de Motomel (do setor automotivo) estão desempregados desde 29 de março. Em uma fábrica com aproximadamente 500 trabalhadores, somente 10% está funcionando. No dia 3 de abril realizaram uma nova assembléia para decidir como continua o conflito e o que é necessário para ampliar a solidariedade, como apoio e a divulgação.
A bronca acumulada de meses, produto do aumento da cesta básica de alimentação, do transporte público, etc, que junto com a realidade que dia a dia suportam os trabalhadores dentro da fábrica fez com que dissessem BASTA a esta situação de:

- Intermináveis ritmos de produção.
- Intermináveis jornadas de trabalho.
- Implementação de bracelete na tentativa de aprofundar a disciplina
- Falta de higiene e segurança.
- Carência de um verdadeiro serviço médico.
- Precarização de colegas (terceirização) que fazem o mesmo trabalho e não são parte de fábrica diretamente.

Por tudo isso, precisamos avançar ainda mais na representação em cada setor. Achamos que devemos eleger delegados por seção e ganhar maior participação e democracia dentro da fábrica. Camaradas: “Não podemos seguir assim, temos que entender que não somos animais, e sim trabalhadores”.
Vamos defender coletivamente nossa fonte de trabalho e nossa dignidade. Chamamos todos os companheiros a nos organizar por cada uma das demandas pedidas:

SALÁRIO MÍNIMO $1600, JÁ!
NENHUMA DEMISSÃO!
TODOS TRABALHADORES DA FÁBRICA PERMANECEM!
POR UM PLANO DE SEGURANÇA E HIGIENE DENTRO DA FÁBRICA!
POR REFEITÓRIOS E VESTUÁRIOS!
NÃO AO CONTROLE POR MEIO DO BRACELETE!
AVANCEMOS NA PARTICIPAÇÃO POR SETOR, COM DELEGADOS DE BASES!

Trabalhadores unidos de Motomel!
Como informávamos na nota que publicamos no dia quarta-feira, os trabalhadores da Motomel estavam há vários dias em greve exigindo aumento salarial e melhores condições de trabalho (carecem de vestuários, devem comer junto às máquinas porque a empresa não possui de refeitório, etc.). Mas longe de dar uma alternativa aos trabalhadores, a patronal decidiu "temporariamente" fechar a fábrica (lock-out), mandou 100 telegramas de demissões.
Esta é a maneira em que se respeitam os direitos democráticos dos trabalhadores neste sistema capitalista, e demonstra a hipocrisia sobre a "democracia" e a "liberdade" de que tanto se orgulham o governo e os políticos do sistema; mas que não pode ocultar a existência da ditadura e o terror patronal que existe em todas as fábricas.
Os trabalhadores estão acampados em frente à porta da fábrica e estudam ações para encarar a luta contra as demissões e o fechamento patronal. Pedimos a todos os colegas que possam se aproximar ou mandar mensagens de solidariedade aos trabalhadores de Motomel.

Podem mandar seus e-mails de solidariedade a:
trabajadoresdemotomel@live.com.ar

Moção enviada pela Flaskô:

A los camaradas trabajadores de Motonel,

Somos trabajadores de la Fábrica de Embalagens Plásticas Flaskô, de Brasil. 5 años atrás, delante de la amenaza de cierre de la fábrica decidimos en asamblea ocupar la fábrica y retomar la producción bajo el control de los trabajadores.
Iniciamos una lucha por nuestros empleos junto a los compañeros trabajadores de la Cipla y Interfibra, también ocupadas por los menos motivos.
Hoy nos organizamos el Movimiento de las Fábricas Ocupadas que lucha por la nacionalización de las fábricas bajo el control de los obreros, pues sabemos que la responsabilidad por los empleos es del gobierno, y más del que eso, que las crisis económicas es de responsabilidad de los capitalistas y su Estado.
Sabemos que una solución duradera vendrá cuando organicemos la sociedad de acuerdo con los intereses de nuestra clase. No sólo en cada país, pero en todo el mundo.
Por eso estamos solidarios con cada lucha de nuestros hermanos de clase por el mundo entero. Acabamos de tomar conocimiento de su dura huelga por sus derechos y también del cierre de la fábrica por la patronal.
Cuenten con toda nuestra solidaridad desde Brasil para continuar esta batalla hasta la vitoria. Para eso nos disponemos a ampliar la repercusión para conquistar más apoyos aquí en Brasil.
Desde Brasil deseamos que hayan fuerza para mantener la fuerza en la puerta de la fábrica hasta la victoria. Si el patrono quiere cerrar la fábrica los trabajadores sabrán encontrar una salida para mantener la fábrica y sus empleos.

¡Ningún derecho a menos!
¡Ningún despido!
¡Viva la lucha de los trabajadores de la Motonel !
¡Viva la lucha de los trabajadores de Argentina!
¡Viva la unidad de los trabajadores de la America Latina !
¡Venceremos!

Pedro Santinho
Coordinador del Consejo de la Flaskô Fábrica Ocupada en lucha por la nacionalización