segunda-feira, 30 de junho de 2008

Entrevista com organizadores do Tribunal Popular

Entrevista com Evandro Luís Pinto, ex-dirigente operário da Interfibra e membro do Comitê Contra a Intervenção Federal, que está organizando o Tribunal Popular de 04 e 05 de julho. Ao final, o camarada Serge Goulart, coordenador do Movimento das Fábricas Ocupadas, explica como será o evento.

Blog:
Está tudo pronto para o Tribunal?
Evandro: Já está tudo praticamente organizado para o Tribunal. O alojamento para os participantes já está confirmado e o evento começa nesta sexta, às 19h, com um ato de abertura. Logo em seguida, haverá uma confraternização para comemorar a votação favorável à expropriação da IMPA (metalúrgica argentina sob controle operário desde 1998) pela Câmara de Buenos Aires.

Blog: Como trabalhador demitido da Interfibra, o que foi a Intervenção?
Evandro: A Intervenção foi feita de forma criminosa a pedido do Governo Federal, através de 150 policiais federais armados, com o pretexto de pagar uma dívida com o INSS deixada pelos antigos patrões, sem nenhum diálogo com trabalhadores, que administravam a empresa.
A fábrica foi entregue a um interventor que já demitiu mais de 300 trabalhadores e não recolheu nenhum tipo de imposto. Aliás, a empresa só sobrevive da falta de pagamento de impostos e tributos. Quer dizer, depois de um ano, o interventor não pagou nenhum centavo ao INSS e nem vai pagar!
O interventor ganha 85 mil reais por mês e acabou com as conquistas da gestão operária: a democracia na fábrica, o fim do banco de horas e horas-extras, a jornada de trabalho de 30 horas semanais, etc.

Blog: O que você espera do Tribunal?
Evandro: Espero responsabilizar os verdadeiros responsáveis pela intervenção - que é o Governo Federal, o Ministério da Previdência, a Polícia Federal, o próprio juiz federal de SC que autorizou a intervenção - e continuar a luta para que fábrica volte para os trabalhadores.

Blog:
Como está estruturado o Tribunal?
Serge: Vamos instalar oficialmente o tribunal no sábado e haverá espaço para a acusação, que será feita pelos trabalhadores e suas organizações. Haverá depoimentos de companheiros da Cipla, Interfibra, Flaskô e de movimento sociais que vão relatar os acontecimentos e, depois, haverá tempo para a defesa, que no caso de não comparecimento de representantes da intervenção, será feita através da leitura do processo de execução fiscal que nomeou o interventor. Por fim, haverá o julgamento da Intervenção e do processo de criminalização dos movimentos sociais, com os respectivos encaminhamentos finais de continuidade da luta pelos empregos, direitos e reforma agrária e pela estatização sob controle operário.

Trabalhadores da Flaskô se manifestam contra leilão de máquina! PM quis impedir!

por Luana Duarte Raposo, advogada dos trabalhadores da Flaskô

No dia 24 de junho (terça-feira) sofremos com mais uma ameaça de fechamento da fábrica. Em razão de uma dívida com o Estado de São Paulo (ICMS) deixada pelos patrões em 1993, a Justiça de Sumaré determinou o leilão da terceira máquina mais importante da Flaskô.
Para impedir a retirada de máquina da fábrica, os trabalhadores e alguns apoiadores estiveram em frente ao Fórum de Sumaré, manifestando-se contra o leilão, fazendo uso de palavras de
ordem como: “Ô seu Juiz, anula a decisão, na nossa máquina ninguém coloca a mão”. Um considerável número de policiais militares compareceu no local para impedir a manifestação, assim que souberam da nossa presença.
Tivemos dificuldades em usar o megafone para sermos ouvidos, porque no dia ocorria um julgamento do Tribunal do Júri de Sumaré que exigia silêncio. Com todo respeito ao indíviduo que estava sendo processado, embora se tratasse de sua liberdade, tínhamos por outro lado mais de 80 trabalhadores lutando também pela liberdade, liberdade de trabalhar, de ter uma vida digna.
Apesar disso a manifestação foi bastante produtiva e felizmente a máquina não foi vendida. No entanto, sabemos que dificilmente ocorre a compra do bem em um primeiro leilão. Já no segundo leilão a chance de venda é maior, já que o valor para arrematação diminui consideravelmente. E o segundo leilão já está marcado para o dia 08 de julho de 2008.
Assim, a presença de mais trabalhadores e mais apoiadores no segundo leilão será fundamental. Os trabalhadores da Flaskô, que resistem há mais de cinco anos para manter seus empregos, não desistirão do seu direito inalienável de lutar por uma vida digna. E para isso não deixarão que
saia nenhuma máquina de dentro da fábrica, pois sem qualquer uma delas, os 80 pais e mães de famílias ficarão desempregados.
Lembrando que a dívida foi deixada pelos antigos proprietários há mais de 15 anos! Não é possível admitir que a exploração do patrão
continue mesmo depois da ocupação da fábrica!

Excelente Encontro de 5 anos de controle operário na Flaskô!!

Texto publicado na edição número 12 do Jornal Luta de Classes da Esquerda Marxista (www.marxismo.org.br) Diversas atividades estão marcando os cinco anos de controle operário na Flaskô e a luta pela estatização e o socialismo do Movimento das Fábricas Ocupadas.
No dia 13 de junho, em uma assembléia emocionante, os trabalhadores da Flaskô discutiram a difícil situação financeira da empresa, que mal está conseguindo girar a produção para pagar os salários, devido à falta de crédito para comprar matéria-prima e ao enorme endividamento deixado pelos patrões como herança maldita.
Mesmo assim, todos ressaltaram que a ocupação e a luta política são, e continuam sendo, a única saída para manter os empregos e que, apesar dos problemas, conquistas foram obtidas. A democracia e a gestão operária, a jornada de 30 horas semanais, sem redução dos salários, a construção da Vila Operária e Popular e a recente parceria com a Associação de Moradores do Parque Bandeirantes (AMPB) são exemplos dessas conquistas.

Excelente encontro na Flaskô
Vitórias que merecem ser defendidas por mais cinco, dez, mil anos, não só pelos trabalhadores da fábrica, mas por todos os movimentos sociais e de esquerda, se quisermos alcançar novas vitórias no futuro.
Com esse intuito, foi celebrado um Encontro no dia 21 de junho, na Flaskô, que também definiu os próximos passos da luta. Cerca de 150 pessoas participaram, entre elas, representantes do MST (sem terra), MTST (sem teto), MTD (desempregados), do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, Juventude
Revolução, Movimento Negro Socialista, grupo de rap A Família (foto ao lado), Sindicato dos Vidreiros de SP, Sindicato dos Pesquisadores de Campinas e região (SindPq), Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH – UNICAMP), ex-trabalhadores da Cipla e Flakepet, além de vereadora Marcela Moreira (PSOL – Campinas) e Ari Fernandes, que falou em nome do Senador Eduardo Suplicy (PT).
Também estava presente a companheira Julieta, da Argentina, que acompanha a luta da IMPA (metalúrgica de Buenos Aires ocupada desde 1998), além dos sindicalistas africanos Joe Machira, do Quênia e John, da Tanzânia.
Em sua intervenção, Serge Goulart (à esquerda), da direção do Movimento das Fábricas Ocupadas, mostrou o exemplar de um livro escrito em turco, que relata a experiência das fábricas ocupadas do Brasil, trazido pelo companheiro Pedro Santinho da Flaskô, que recentemente viajou para lá, a convite de sindicatos operários da Turquia. Isso é mais um sinal da audiência que nossa luta adquire entre os trabalhadores de todas as nacionalidades!
Também foi realizado o sorteio de um jogo de talheres doado pelos trabalhadores da argentina IMPA ao Encontro e o felizardo foi o Sr Ivan (foto),
responsável do setor de limpeza da Flaskô! Vale destacar que o Encontro começou com um farto café da manhã e se encerrou com um delicioso almoço, preparados pela AMPB.

Próximos passos
Dois encaminhamentos principais saíram do Encontro. O primeiro é a realização de um ato público em frente ao Fórum de Sumaré, no dia 24 de junho, pois mais um leilão de máquina está marcado para acontecer nesse dia (ver outro texto). As faixas: “Queremos trabalhar em paz, parem os leilões!” e “Se leiloar vai desempregar, se arrematar não vai levar” já estão prontas para serem erguidas novamente!Outro encaminhamento se refere à preparação do Tribunal Popular para Julgar a Intervenção na Cipla e Interfibra. Nas próximas semanas, encerraremos as inscrições de quem deseja participar do evento, que ocorre nos dias 04 e 05 de julho em Joinville/SC, e teremos também que garantir as contribuições financeiras necessárias para cobrir as despesas de viagem, alimentação e alojamento de nossa delegação.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Não se esqueça - Encontro na Flaskô é neste sábado!

A Assembléia Geral dos Trabalhadores da Flaskô reforça o convite para que todos participem do Encontro de Cinco Anos de Controle Operário e Luta pela Estatização e o Socialismo, dia 21 de junho, neste sábado, a partir das 9h, no Espaço Cultural Flaskô – Associação dos Moradores do Parque Bandeirantes (antigo restaurante).

Além de marcar essa data histórica com debates e exibição de vídeo e fotos, vamos encaminhar propostas para a continuidade de nossa difícil batalha pelos empregos, direitos, parque fabril, moradia e um futuro digno para nossa comunidade.
O Encontro na Flaskô também é uma atividade de preparação ao Tribunal Popular para Julgar a Intervenção Federal na Cipla e Interfibra, dias 04 e 05 de julho de 2008, em Joinville/SC.

Encontro na Flaskô
Dia 21 de junho, neste sábado
A partir das 9h
Endereço:
Rua 23, n. 300. Pque Bandeirantes – Sumaré/SP.
(Km 107 da Rodovia Anhaguera)

Contatos:
(19) 3864-2624

Presidente da Câmara Federal, Deputado Arlindo Chinaglia (PT), envia saudação ao Encontro da Flaskô

Isso é mais um sinal de que Brasília já está ligada no nosso movimento. Por isso, vamos realizar uma grande atividade no dia 21 de junho na Flaskô e um vitorioso Tribunal Popular contra a Intervenção em Joinville/SC, nos dias 04 e 05 de julho, para nos unirmos e mostrarmos a nossa força!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Participe do Tribunal Popular para Julgar a Intervenção Federal contra a Cipla e Interfibra!

Um ano depois da intervenção na Cipla e Interfibra, para supostamente cobrar uma dívida dos ex-proprietários com o INSS, o balanço é de mais de 300 demitidos, o interventor mais rico, calúnias e perseguição contra os dirigentes do movimento.

Nos dias 04 e 05 de julho de 2008, em Joinville, Santa Catarina, se reune um Tribunal Popular Nacional para Julgar a Intervenção decidida pelo governo Lula e a crescente criminalização dos movimentos sociais.

Desde novembro de 2002 os 1.000 trabalhadores da Cipla e Interfibra ocuparam estas fábricas para salvar seus empregos e seus direitos trabalhistas. Com as fábricas sob controle dos trabalhadores eles retomaram a produção e dirigiram as fábricas por cinco anos elegendo todos os anos democraticamente seus dirigentes para o Conselho de Fábrica. Sua luta é pela estatização das fábricas ocupadas para manter seus empregos e direitos, pois sabem que o mercado capitalista é o caos e o reino das grandes multinacionais e bancos.

Ocupando fábricas para salvar seus empregos os trabalhadores do Movimento das Fábricas Ocupadas se somam à luta do MST de ocupação dos latifúndios. Fábrica ocupada é emprego na cidade, latifúndio ocupado é emprego no campo!Lutando por seus direitos mais elementares o Movimento das Fábricas Ocupadas se soma ao Movimento Nacional de Direitos Humanos, através do CDH-Joinville, pois os direitos humanos espezinhados e ignorados são sempre os direitos das classes trabalhadoras. E os que agem contra estes direitos são sempre os capitalistas e seus governos.

Durante cinco anos os trabalhadores mostraram na prática que não precisam de patrões para administrar as fábricas. Mas, isso foi insuportável para os capitalistas. O presidente da Abiplast (Patronal dos plásticos do Brasil) afirma que a existência de fábricas ocupadas e sua relação com o governo da Venezuela é uma afronta as leis e ao direito de propriedade. Paulo Skaf, presidente da FIESP exige “medidas imediatas em defesa da democracia”. E o inacreditável aconteceu.

Em 31 de maio de 2007, atendendo um pedido do INSS (Ministério da Previdência) com a falsa justificativa de cobrar dívidas dos antigos patrões, 150 policiais federais armados até os dentes invadem a Cipla e a Interfibra expulsando as Comissões de Fábrica eleitas e dando posse a um interventor nomeado por um juiz federal. Um clima de terror é instalado e uma caça às bruxas é iniciada.Hoje, quase um ano depois da intervenção a luta contra a intervenção continua. Mais de 300 trabalhadores já foram demitidos, voltaram as 44 horas semanais, acabaram todas as conquistas, o terror continua, e nada foi resolvido e nenhuma dívida foi paga com o INSS. O interventor continua recebendo seu salário que inicialmente foi de R$ 300 mil e os capitalistas e seus serviçais estão felizes.

A CUT, o MST, o MNDH, congressos sindicais, parlamentares, centrais sindicais de dezenas de países, tomaram posição de luta contra a intervenção e pela devolução das fábricas aos trabalhadores.

O governo Lula recusa retirar o pedido de intervenção. E vemos, ainda, uma crescente escalada criminalização de greves, de manifestações, de parlamentares que se expressam ao lado do povo, da luta pela reforma agrária, das lutas estudantis e da juventude. Multiplicam-se os dirigentes sindicais ameaçados e perseguidos. A criminalização dos movimentos sociais cresce assustadoramente.Para discutir estas questões o Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra convida para o Tribunal Popular que Julgará a Intervenção na Cipla e Interfibra (Fábricas Ocupadas). Haverão sessões dedicadas aos diferentes ataques sofridos pelos movimentos sociais criminalizados com depoimentos de casos concretos.

Neste Tribunal Popular estarão presentes representantes de centrais sindicais, sindicatos, partidos, parlamentares, movimentos sociais de diversos países.

Participe! Faça Contato!
fabricasocupadas@terra.com.br
(48) 9919-9940

Participe do Encontro na Flaskô porque a fábrica é do povo!

Cinco anos de controle operário e luta pela estatização e socialismo
Dia 21 de junho de 2008 (sábado), às 10h, em Sumaré/SP

Há 5 anos atrás, nós trabalhadores da Flaskô resolvemos “demitir os patrões por justa causa” e assumir o controle da fábrica!
Afinal, durante a administração patronal, o chicote estralava e os trabalhadores recebiam uma merreca de salário. E não era depositado o FGTS, nem o INSS e direitos eram sonegados, como férias, 13º e PLR. Centenas de trabalhadores foram demitidos e esperam até hoje para receber na justiça.
Mais pesadas do que as dívidas trabalhistas, são os impostos e tributos sonegados pelos patrões, que acumularam dívidas enormes com os cofres públicos. Assim, a fábrica foi sendo levada ao fechamento e ia se transformar em um cemitério de postos de trabalho.

Começa o Movimento das Fábricas Ocupadas...
Porém, nós trabalhadores resolvemos lutar para manter os empregos e recuperar os direitos: decidimos ocupar a fábrica e tocar a produção, sem os patrões! E também começamos a exigir do governo Lula a estatização sob controle operário, pois a solução para esse problema social e econômico é política! Assim, junto com os companheiros das empresas Cipla e Interfibra, fundamos o Movimento das Fábricas Ocupadas!

Defender os empregos na Flaskô!
Defender as conquistas da gestão operária!
Defender um futuro digno para nossa comunidade!

Nestes cinco anos de controle operário, sempre enfrentamos dificuldades porque não temos dinheiro para comprar matéria-prima e o que produzimos mal dá para pagar os salários. E ainda por cima, a justiça fica cobrando da gente as dívidas que os patrões deixaram! Sem falar das dívidas com a CPFL, que são milionárias! Dívidas que não fomos nós que fizemos, mas nos obrigam a pagar!
Mesmo assim, conseguimos melhorar a produção e a produtividade e reduzimos a jornada de trabalho para 40 horas semanais. E mais, neste quinto ano de controle operário, reduzimos a jornada para 30 horas semanais, sem redução dos salários!
Além disso, cedemos um terreno abandonado que pertencia à fábrica para que os trabalhadores e a população sem teto pudessem construir suas moradias. Assim, criamos o bairro Vila Operária e Popular, onde hoje vivem cerca de 300 famílias!
E desde o final do ano passado, instalações desativadas da fábrica (o antigo restaurante e um barracão), se tornaram a sede da Associação dos Moradores do Parque Bandeirantes, onde se desenvolvem atividades sociais, culturais e esportivas.

Não é possível manter os empregos, sem o apoio da sociedade e dos poderes públicos! Por isso, participe do Encontro na Flaskô!
Participe também do Tribunal Popular para Julgar a Intervenção na Cipla e Interfibra!
Sua presença na Flaskô será muito importante para discutirmos os próximos passos da luta pelos empregos, direitos, pela moradia e um futuro digno para nossa comunidade. Sem a sua presença e apoio, estaremos vulneráveis aos ataques da patronal, da justiça e do governo. Somente com a participação de todos, poderemos manter a fábrica aberta por mais cinco anos!
Participe também do Tribunal Popular para Julgar a Intervenção na Cipla e Interfibra, dias 04 e 05 de julho de 2008, em Joinville/SC. Vamos denunciar esse golpe contra o Movimento das Fábricas Ocupadas e ajudar os companheiros da Cipla e Interfibra porque, sem eles, toda essa luta não existiria!

Encontro na Flaskô
Dia 21 de junho de 2008 (sábado), às 9h

Endereço: Rua 26, n. 300. Pque Bandeirantes, Sumaré/SP. (Km 107 da Rodovia Anhanguera)

Contatos:
(19) 3864-2624 (19) 9723-4695
mobilizacaoflasko@yahoo.com.br
www.flasko.blogspot.com