quinta-feira, 24 de abril de 2008

Trabalhadores da Flaskô reduzem a jornada de trabalho para 30 horas semanais!

Em assembléia geral ocorrida em março, os trabalhadores da fábrica ocupada Flaskô decidiram reduzir a jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução dos salários. A medida já está em vigor, mas em caráter experimental. Após três meses, os trabalhadores irão avaliar se têm condições de tornar definitiva a jornada de 6 horas diárias. No entanto, confiança e empenho não irão faltar para manter essa conquista!
Além de beneficiar os trabalhadores, a medida também foi adotada levando-se em conta a difícil situação da fábrica, que não está em plena capacidade produtiva e necessita reduzir gastos com energia elétrica para continuar sobrevivendo. O ideal, conforme discutido na assembléia, é superar esse momento ruim e conseguir gerar mais postos de trabalho adiante, aproveitando todo o potencial da fábrica.

Conquista
A redução da jornada é uma conquista da gestão operária sobre a fábrica. No segundo ano de ocupação, a jornada na Flaskô passou de 44 para 40 horas semanais e, assim, os trabalhadores conquistaram o sábado livre para ter mais tempo de descanso e lazer com a família e amigos. E agora, no quinto ano de controle operário, a jornada é reduzida ainda mais, sem redução salarial! Já na época dos patrões, há registro de jornadas que alcançavam até 12 horas no dia, sem pagamento de horas-extras!
Com menos horas de trabalho no pé da máquina, é possível melhorar a qualidade de vida dos operários e estimular a vontade de voltar a estudar. Assim, um curso gratuito de informática foi organizado na fábrica e já conta com duas turmas em andamento.

30 horas na Cipla
A jornada de 30 horas semanais havia sido implantada primeiramente na Cipla e Interfibra, em janeiro de 2007, após aprovação em assembléia geral ocorrida na abertura do Encontro Pan Americano em dezembro de 2006. De imediato, a medida gerou 70 novos postos de trabalho na Cipla.
Aliás, esse foi um dos motivos que fez os patrões odiarem ainda mais o Movimento das Fábricas Ocupadas e a organizar a intervenção federal, com a cobertura do governo Lula. Logo na primeira semana, o interventor fez retornar as 44 horas semanais de jornada, atacando uma das principais conquistas da gestão operária. Esse e outros crimes serão julgados em 27 e 28 de junho de 2008, no Tribunal Popular Nacional para Julgar a Intervenção, em Joinville/SC.

Apoio da CNQ – CUT
O companheiro Donizetti (segundo da esquerda para direita), presidente da Confederação Nacional dos Químicos da CUT, visitou a Flaskô recentemente e apoiou a decisão da assembléia.
Além disso, discutiu com os membros do Conselho de Fábrica a continuidade da campanha pela aprovação da Emenda Constitucional 393/01, que busca reduzir a jornada para 40 horas semanais em todo o Brasil.
A CUT e outras centrais convocam para o dia 28/05 um dia de luta pela redução da jornada de trabalho e no dia 29/05, entregarão as folhas de abaixo-assinado da campanha em Brasília.
O exemplo das fábricas ocupadas mostra que é possível a redução da jornada, afinal, se numa empresa pequena, endividada e cheia de problemas como a Flaskô é possível chegar nas 30 horas semanais, então, não há argumentos para manter a jornada em 44 horas no restante do Brasil. Trata-se de um abuso contra o trabalhador que só serve para elevar o lucro dos empresários. E isso tem que mudar!

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