sábado, 25 de abril de 2009

"A crise mundial do capitalismo impulsiona a tomada de fábricas pelos trabalhadores"

Entrevista com Richard López do Conselho de Fábrica de INAF em Cagua , Aragua na Venezuela

escrito por Corrente Marxista Revolucionária quinta-feira, 23 de abril de 2009

Richard López: Durante o ano 2008 vocês tiverem múltiplas iniciativas para que se expropriasse a planta. Qual foi o resultado dos mesmos e em que situação se encontram agora?
O Militante: Sim, realizamos múltiplas iniciativas, principalmente no Milco (Ministério do Trabalho), onde tivemos um compromisso de expropriação por parte do ministro em curso, o qual não se atreveu a tomar a decisão política correspondente e portanto a burocracia, permitiu que não chegasse a um acordo, mantendo a mesma situação de resistência sem solução concreta, por essa parte. Atualmente,em data recente, temos estabelecido contatos com o governo regional através do PSUV, o qual se obrigou o governador do estado Rafael Isea a realizar medidas investigativas para ver se o executivo regional e a assembléia legislativa de Aragua conseguiria a expropriação da empresa e converter em uma empresa de Produção social.

EM:Qual é a situação atual dos trabalhadores, quantos trabalham na empresa e em que condições?
RL: Atualmente trabalhamos 42 trabalhadores, 15 contratados e 27 da luta devido que a burocracia tem jogado um papel de desgaste na luta dos trabalhadores de INAF e 15 colegas se foram laborar em outras empresas no inicio de janeiro por pressões econômicas e familiares. Ainda assim temos conseguido avanços, pois mantemos uma carteira de pedidos e a mesma quantidade de trabalhadores como também conseguimos implementar um vale-tiket, e obter uma melhoria substancial no que diz respeito ao salário de 200 BF semanais que tínhamos sem vale-tiket e o aumentamos a 250 Bf semanais mais o cestatiket semanal, produzindo sob controle operário sem ajuda do estado.

EM:Quais são os maiores obstáculos de cara a seguir produzindo?.
RL. Em primeiro lugar temos que os clientes nos depositam às vezes com cheques sem fundo e assim nos atrasa a compra de matéria prima. Em segundo lugar a variabilidade nos preços dos provedores que nos dificultou a comprar em maior volume de matéria prima. Em terceiro lugar temos escassez de matéria prima (bronze), pois a cada vez que se fala de um aumento presidencial de salários ou dos impostos, automaticamente nos sobem os preços dos insumos. E a matéria prima se encontra ausente no mercado até que sai o novo preço. Escondem-te a matéria prima e dizem-te “este é o novo preço”. Em quarto lugar nossos clientes informaram-nos que pessoas em postos de responsabilidade na PDVSA têm posto entraves a nossos produtos ( aqueductos , uniões e conexões para tomadas domiciliárias) e têm obrigado a nossos clientes a trazer os mesmos produtos do estrangeiro. Esta informação só nos chegou em forma verbal por parte de nossos clientes.

EM: Para vocês é evidente que uma fabrica isolada sob controle operário não pode sobreviver sob o cerco capitalista. Qual acham que é a saída para as empresas recuperadas sob controle operário e qual é seu papel para a construção do socialismo em Venezuela?.
RL: Nossa opinião é que a luta deve expandir-se para toda o território nacional, onde os trabalhadores organizados ocupem e o governo nacional exproprie e nacionalize as fábricas e os trabalhadores as ponham a trabalhar sob o controle operário, especialmente as fechadas e as que têm grandes passivos com os operários para que sirvam como instrumento da revolução para poder assim aprofundar o socialismo por meio de uma economia nacionalizada e planificada democraticamente pelos trabalhadores e as comunidades. Achamos que esse é o caminho para que INAF junto ao resto de trabalhadores do país possam avançar e melhorar suas condições de vida, já que o cerco capitalista vai destruir todo aquilo que queiram fazer rumo para o socialismo.

EM: O 25, 26 e 27 de junho vai celebrar-se em Caracas o Segundo Encontro Latinoamericano de Fábricas Recuperadas, na que vocês os trabalhadores de INAF junto ao resto do FRETECO organizais. Que importância tem este evento no contexto de crise internacional do capitalismo que vai golpear especialmente a America Latina?
RL: Pensamos que é uma grande oportunidade, da classe trabalhadora de se pôr a frente da revolução venezuelana e ser um farol para o resto dos trabalhadores Latinoamericanos. A crise mundial do capitalismo impulsiona entre os trabalhadores debates de como buscar a maneira, no meio da revolução, e diante dos fechamentos patronais e ataques a nossos direitos de tomar o controle dos meios de produção e gerenciar o mesmo de uma maneira eficiente como só o podem fazer os trabalhadores e gerar a política para o planejamento da economia nacional e de todo o continente sem capitalistas nem multinacionais que são os promotores da crise que nos golpeia , à que só a classe trabalhadora organizada e lutando pelo socialismo pode dar uma saída. Este será um dos pontos centrais de debate no evento de junho ao que convidamos a todos os trabalhadores Venezuelanos e Latinoamericanos a estar presente.

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