terça-feira, 5 de junho de 2007

Verdades e mentiras

Sobre a operação judicial-militar na Cipla/Interfibra
Na manhã de quinta feira, a Comissão de Fábrica foi surpreendida por uma invasão militar, onde 150 Policiais Federais fortemente armados impediram os dirigentes eleitos democraticamente pelos trabalhadores e que vinham recuperando as empresas, de entrar nas fabricas. A ação foi determinada por um Juiz Federal a pedido do INSS.
Para colocar a opinião pública contra a Comissão de Fábrica, uma série de mentiras foram usadas como argumentos no Mandado Judicial. Alguns radialistas e colunistas de jornais, bocas de aluguel da patronal da cidade, também vem reproduzindo calunias dos pelegos do Sindicato dos Plásticos e aplaudindo a intervenção militar nas fabricas. Abaixo estas mentiras serão respondidas:

MENTIRA
Diz o Mandado Judicial que “hoje, passados quase cinco anos (...) constata-se que a situação nada ou muito pouco mudou”.
VERDADE
Quando a Comissão de Fábrica assumiu a direção da Cipla/ Interfibra, a situação era a seguinte: as duas empresas faturavam menos de um milhão de reais, sendo que para pagar todos os seus custos, deveria faturar seis milhões; os trabalhadores recebiam na faixa de R$ 50,00 por semana; as férias e o 13º salário não eram pagos; quem era demitido não recebia; o governo não recebia nenhum imposto a mais de dez anos; o FGTS não era depositado; a moral e a auto-estima dos operários inexistia.
A Comissão salvou a Cipla/ Interfibra do fechamento e teve grandes conquistas. Qual a situação hoje? As empresas faturam na faixa de quatro milhões, portanto, continuam com um déficit mensal de dois milhões. Isto obriga a direção a priorizar o que vai e o que não vai ser pago; falta quitar o salário de abril, o dos demais meses estão todos pagos; a maioria dos demitidos e dos pedidos de demissão foram pagos, os demais estavam em processo de pagamento; o passivo trabalhista está sendo pago através do repasse de 3% do faturamento mensal à Justiça do Trabalho; os salários, férias e 13º salário em atrasos, não pagos pelos patrões, estão quase liquidados; o trabalhador tem orgulho de trabalhar na Cipla/ Interfibra; conquistou 30 horas semanais e todas as decisões eram tomadas em assembléias de turno ou geral. Portanto, afirmar que a situação mudou quase nada, é um ato leviano e maldoso.

MENTIRA
O Mandado afirma, de forma mentirosa que “não se registra o recolhimento dos impostos federais e das contribuições previdenciárias, tanto da parte patronal quanto da parte dos empregados, desde longa data”. Diz mais: “nesses quase cinco anos, a administração dos trabalhadores teve tempo mais do que suficiente para colocar em dia pelo menos a escrita fiscal da executada, assim como as declarações que por lei está obrigada”.
VERDADE
A Cipla/ Interfibra estão quase em dia com o recolhimento da parte patronal do INSS e do IRF. Portanto, é uma mentira absurda afirmar que não tem nada pago da parte patronal.
Dizer que as empresas tiveram tempo suficiente para colocar em dia o pagamento de seus impostos, é uma afirmativa falsa e maldosa, já que, tanto a Justiça Federal, como o INSS sabem que as fabricas não podem emprestar dinheiro de banco para se capitalizar. Sabem também que todos os meses ficam alguns milhões de divida para traz, porque ainda não foi faturado o suficiente para dar conta de pagar tudo.
A ordem de prioridade de pagamento sempre foi: salários, matéria prima, recolhimento do que era possível pagar de impostos, quitação dos salários em atraso, energia elétrica.
O interessante é que os bancos e as multinacionais são os maiores devedores da Previdência Social, e o INSS não determina a mesma ação militar feita na Cipla/ Interfibra para receber o que lhe é devido. Mas nas empresas controladas pelos trabalhadores “o ferro e o fogo”. Por que será?

MENTIRA
A intervenção pretende recuperar a Cipla/ Interfibra.
VERDADE
Está claro, o objetivo da intervenção é fechar as duas fabricas para acabar com o incomodo gerado pela reivindicação política da estatização apresentada ao Presidente Lula, além de ser um inconcebível aos patrões os trabalhadores ocuparem e recuperarem fabricas em estado falimentar. Isto é a comprovação concreta que a sociedade não precisa de patrão burguês para sugar a riqueza gerada pelo trabalho dos operários. Até hoje, os grandes patrões de Joinville não engolem a idéia das 30 horas aprovada na Cipla/ Interfibra.
A tentativa clara de fechamento das fabricas é possível constatar nos seguintes argumentos do Mandado Judicial: “poder-se-á notar que o CUSTO SOCIAL da manutenção desses mil postos de trabalho é EXCESSIVAMENTE ALTO (...) talvez o momento seja propicio para que a sociedade joinvilense faça a seguinte reflexão: será que a manutenção do Grupo Cipla, gera, de fato, o bem à sociedade? Será que sua existência não estaria mais para um mal do que para um bem social?”. Em outras palavras, está dizendo: “Será que não é melhor fechar estas fábricas e jogar na lata do lixo os mil empregos?”;
Estas são as verdadeiras razões da intervenção.
O salário do Interventor
Em dezembro de 2005, a direção da Cipla/ Interfibra quando negociava o acordo de 3% com a Justiça do Trabalho, foi proposto pela Justiça a intervenção. A conversa sobre isso acabou quando a Presidente do TRT, Dra. Agueda, apresentou como salário ao interventor, setenta mil reais por mês, além de duzentos mil reais para fazer o diagnóstico, já feito, tanto pela Comissão de Fábrica, como pelo BNDES, BRDE e BADESC.
Se a situação das empresas já é difícil, se o salário que as fabricas terão que pagar, for o mesmo proposto pela Juíza, ficará insustentável, além de ser vergonhoso.
Interventor está liquidando a Profiplast
O interventor que assumiu a Cipla/ Interfibra, é o mesmo que administra a Profiplast. Ao invés de recuperar a empresa, está organizando a falência e uma cooperativa, onde dos 130 operários, vão ficar apenas 22.
Os trabalhadores estão sendo pressionados a aceitar a demissão, mas sem receber a rescisão e ser recolocado na cooperativa sem nenhum direito.
É isto que estão preparando para Cipla/ Interfibra.

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