domingo, 29 de julho de 2007

Coordenador da fábrica ocupada Flasko é ameaçado de sequestro

No último sábado o Coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô Pedro Santinho, recebeu duas ligações ameaçando sequestrar seu filho se não abandonasse a luta na fábrica ocupada Flaskô. Diante disso registrou boletim de ocorrencia na policia. E adotou medidas de segurança na fábrica.
No entanto, o que poderia parecer brincadeira, continuou. No mesmo dia a noite, e no domingo pela manhã, as ligações continuaram na própria Flaskô. As ligações eram de uma mulher que ameaçou dizendo que Pedro Santinho deve abandonar a Flaskô ou "seu filho e parentes próximos podem sofrer muito".
A quem interessa desestabilizar o Coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô, Pedro Santinho, e sua familia?
Desde a invasão policial realizada na Cipla e Interfibra em 31 de maio, Pedro Santinho tem organizado o combate contra a intervenção nas fábricas ocupadas, e em particular junto a todos os membros do Conselho de Fábrica da Flaskô, e a própria batalha que tem travado o Comite contra a intervenção em Joinville, conseguiu organizar a resistência na fábrica ocupada Flaskô. O que garantiu o funcionamento da mesma após a intervenção na Cipla e Interfibra durante 21 dias quando os trabalhadores e centenas de apoiadores expulsaram o interventor de sua tentativa de invasão da Flaskô. Também organizou a resistencia e a luta pela religação da energia realizada a mando do interventor para tentar acabar com a luta na Flaskô.
Sabemos que o fechamento das fábricas ocupadas interessa a ABIPLAST (Associação Brasileira das Industrias Plasticas), a FIESP (Federação das Insdustrias do Estado de São Paulo) e a todos aqueles incomodados a luta de resistencia do movimento das fábricas ocupadas no Brasil. Interessa diretamente ao interventor que invadiu a Cipla e a Interfibra a pedido do INSS (que está sob o comando de um Ministério dirigido pelo ex-sindicalista e ex-Presidente da CUT, Luis Marinho).
Temos muito claro que o único objetivo com estas ameaças e outras intimadações que possam continuar contra o Coordenador do Conselho de Fábrica e os demais trabalhadores, tem como objetivo claro tentar acabar com a luta das fábricas ocupadas, em particular com a luta na Flaskô que resiste há 50 dias e é um exemplo e ânimo a todos os trabalhadores das fábricas ocupadas.
Não conseguiram intimidar os trabalhadores! Ampliaremos nossa luta!
Há mais de 30 dias os trabalhadores da Flaskô se manter organizados e coesos em sua luta para re-colocar a fábrica para trabalhar, religando a energia e retomando a produção sob o controle operário.
É bom lembrar que, assim que houve a tentantiva de internveção na Flaskô e diante da resistencia dos trabalhadores, o intervetor Rainoldo Uessler, ligou por duas vezes para Pedro Santinho afirmando que voltaria a fábrica, "com a policia federal, com o exercito, a marinha ou qualquer um. Mas me espere que eu vou voltar."
Não há duvida que estas ameaças tem como origem política mais uma tentativa fascista de intimidar o coordenador do Conselho e assim acabar com a luta na Flaskô, destruindo assim a resisitencia que se mantém. Mas não aceitaremos nenhuma intimidação. Estamos organizados para nos defender. Vamos assionar imediatamente todos os orgãos da justiça e mais do que isso exigir que o Presidente Lula, o Sr. Ministro Luis Marinho e o sr. Ministro da Justiça Tarso Genro se pronunciem e tome medidas para acabar com tudo isso. E todos nós sabemos que a solução é a retirada imediata da intervenção federal nas fábricas ocupadas e a estatização das fábricas ocupadas sob o controle democrativos dos próprios trabalhadores.
Os trabalhadores já foram muito long: foram 4 anos de controle e recuperação da fábrica. São 45 dias resistindo contra tentativas de invasão pelo interventor fascista e 30 dias no escuro sem energia.
"Vamos organizar a resistencia, nossa auto-defesa. E mais do que isso vamos a ofensiva porque sabemos que a solução é podermos retornar a nossos postos de trabalho e os companheiros da Cipla e Interfibra para o controle das fábricas", conclui Pedro Santinho

terça-feira, 24 de julho de 2007

Breve dossiê sobre a Cipla, a gestão operária e a intervenção

As falsas acusações do interventor fascista na suposta auditoria da Cipla e as respostas dos dirigentes eleitos pelos trabalhadores

I
Histórico da Cipla desde 1992 até a greve de outubro 2002

Desde 1992 os proprietários da Cipla/ Interfibra tomaram a decisão política de não recolher os impostos.
Em 1994, a Cipla entra em concordata. E um juiz nomeia Rainoldo Uessler como responsável da Concordata. Isso mesmo, o mesmo que agora veio como interventor.
Junto com Anselmo e Luis Battschauer, Rainoldo Uessler conduz a Cipla. E assim preparam juntos o que vai acontecer depois com a Cipla e os trabalhadores. Mancomunados, eles conclamam os trabalhadores para ajudá-los a recuperar a empresa. Como prêmio, pelo esforço dos operários, param de recolher o FGTS e a Previdência (INSS). É deste momento, 1998, o processo em que o INSS pede a atual intervenção na Cipla. E agora volta o mesmo interventor Rainoldo como se nada tivesse acontecido.
Em dezembro de 2001 não pagam o 13º salário. Em janeiro uma greve espontânea estoura na fabrica. O resultado foram 80 demissões por JUSTA CAUSA. O Sindicato que não organizou a greve sufoca a resistência e tira os demitidos da porta da fabrica afirmando que não tinha o que fazer. A negociação do Sindicato foi garantir a manutenção de todas as demissões por JUSTA CAUSA.
De fevereiro de 2002 até a greve em outubro, os trabalhadores passaram a receber pelo mês inteiro de trabalho, de 30 a 50 reais por semana.
A campanha eleitoral e a possibilidade de vitória do companheiro Lula, motiva os trabalhadores a requerer ajuda do PT e da CUT. Isto ocorreu em setembro de 2002.
Na porta da fabrica se prepara o terreno para a greve, mas desta vez organizada.
A assembléia geral organizada na sede do sindicato aprova a greve mesmo com o sindicato se posicionando contrário, alegando ilegalidade para sua realização.
Com duração de oito dias, a greve obrigou os patrões a passar o controle das fabricas aos trabalhadores, já que alegavam não ter como colocar em dia os salários em atraso e os direitos não pagos.
Os trabalhadores elegem uma Comissão de Fábrica para dirigir as empresas. Carlos Castro pela Cipla e Evandro Pinto pela Interfibra são indicados pelos operários e pelo sindicato para serem os coordenadores administrativos das empresas.
É importante destacar que em dez anos de não recolhimento de impostos; de salários em atraso durante nove meses; de não depósito de FGTS desde 1994, entre outros encargos; o sindicato, o INSS e a Justiça Federal nunca requereram qualquer intervenção, ao contrário, se mantinham calados como se não fosse com eles o problema.

II
Entra em cena a Associação Ferreirinha
A comissão como primeira medida fez o levantamento de todo o passivo das empresas e constata uma divida impagável de mais de quinhentos milhões de reais, sendo 80% do montante dividas previdenciárias e fazendárias.
A comissão discutiu com os trabalhadores em Assembléia Geral que a única medida possível para salvar as empresas e os empregos seria lutar pela estatização, já que o Governo federal era a instituição responsável pela situação ter chegado aonde chegou.
Um abaixo assinado coleta setenta mil assinaturas conseguidas com o esforço de todos os trabalhadores. Qual a reivindicação contida no abaixo assinado? Que o Presidente Lula atendesse os trabalhadores em Brasília e que estatizasse as empresas para garantir todos os empregos. A audiência ocorreu em 11 de junho de 2003 no Palácio do Alvorada em Brasília e durou duas horas e meia. Lula afirmou que a estatização estava fora do cardápio do governo, mas faria o que fosse preciso para garantir todos os empregos.
As dificuldades para conseguir verba para financiar dez ônibus à viagem para Brasília e a previsão do difícil combate que seria a luta pela estatização com a negativa do governo, levou a Comissão a discutir com os trabalhadores em assembléia geral a formação de uma associação que pudesse financiar toda a luta política. Afinal, nos tramites normais seria impossível manter as fabricas abertas com a divida impagável que tinham, com o parque fabril todo penhorado e com as execuções fiscais em fase final.
Após longa discussão foi aprovado por unanimidade a constituição da Associação Ferreirinha que seria financiada por contribuição espontânea dos trabalhadores.
A contribuição mensal oscilava entre 50% e 60% dos funcionários. Os maiores salários sempre foram os que mais se negavam a contribuir.
O interventor acusa num documento emitido no dia 04 de junho que “os recursos da associação eram obtidos de duas maneiras: uma parte compelindo os funcionários a contribuírem através de coação moral e o restante com transferências feitas através das contas correntes das empresas Cipla e Interfibra”. Bom, se a coação para contribuir fosse moral e se isso tivesse algum resultado, 100% dos trabalhadores fariam a contribuição, o que não corresponde com a verdade. Quase metade da fabrica não contribuía. Portanto, fica claro que a contribuição era espontânea e ninguém era coagido a nada.
Quanto ao repasse de 0,5% do faturamento mensal das empresas, é verdade, mas nem sempre este percentual era repassado devido as dificuldades financeiras em que as empresas se encontravam. No entanto, esta decisão também foi aprovada em assembléia geral, embora nem todos os trabalhadores tenham concordado, mas a ampla maioria aprovou e a decisão virou encaminhamento, conforme determina a democracia. Infelizmente, o interventor se apoderou de todos os documentos e nos impediu de retirar uma cópia de cada assembléia realizada. Isso impede a amostragem de todas as atas que deveriam ser apresentadas.
O que a associação iria financiar? Panfletos, viagens, faixas, bandeiras, as conferencias nacionais e internacionais, as caravanas a Brasília, enfim tudo que fosse necessário para organizar a luta em defesa da estatização das fabricas.
Veja o que diz o Estatuto de fundação da associação quanto a sua finalidade: a) “promover (...) a defesa dos interesses dos trabalhadores... b) “ser a depositária das ações controladoras da Cipla/ Interfibra, e empresas controladas (...) até a transferência definitiva destas ações para o Governo Federal, Estadual ou Municipal, objetivo ultimo e principal da constituição desta associação”, grifo nosso.
Portanto, o objetivo da associação é claro: financiar a luta pela estatização, objetivo ultimo e principal desta associação. Inclusive, foi pública e notória esta posição política, quando distribuímos um CD com um documentário que respondia aos ataques do sindicato, destacando o papel da Ferreirinha na luta pela manutenção da Cipla/ Interfibra. Este documentário foi entregue aos formadores de opinião, aos Juizes e Ministério Público, aos movimentos sociais, sindical e popular, assim como aos parlamentares do Poder Legislativo municipal, estadual e nacional, e seus respectivos partidos políticos. Nunca negamos o papel da Ferreirinha e reafirmamos que se não tivéssemos feito todo o combate que fizemos, estas empresas já estariam fechadas a alguns anos e estes empregos não existiriam mais.

III
O Interventor, as acusações e as respostas do Comitê

Posição ideológica do interventor contrário a luta por ocupação de fabrica
O Interventor informa num documento emitido em 18 de junho de 2007 que “através da verificação de relatórios de viagens , constatou-se fortes indícios da utilização dos recursos das empresas (...) principalmente da Associação Ferreirinha (...) desviados para o fomento e financiamento do movimento de guerrilha de ocupação de fábricas em todo o país (...) verifica-se a realização de reiteradas viagens para articulações partidárias, manifestações em fabricas ocupadas, organização de conferencias e mobilizações com interesses, unicamente, políticos e partidários (...) de fato, estas empresas, foram utilizadas como instrumento político-partidário e como mecanismo ideológico, sendo que para tal finalidade, foram sonegados vários direitos trabalhistas de seus funcionários (salários, natalinas, FGTS, etc.) e principalmente, frustradas (para não dizer fraudadas) inúmeras execuções fiscais (...) o “Movimento das Fabricas Ocupadas” possui site disponível na Internet, onde vincula inúmeras noticias, promovendo ocupações e luta pela estatização de fabricas pelo país (...).
Resposta do Comitê
O interventor manipula e “denuncia” coisas públicas e notórias, mas sempre distorcendo e caluniando. O que quer dizer “fomento e financiamento do movimento de guerrilha de ocupação de fábricas em todo o país”?! Nosso movimento é nacional, reconhecido e só usa métodos de luta de massa.
Com apoio e decisão da maioria dos trabalhadores tomada em assembléia geral para organizar o combate contra o fechamento das fabricas e procurar generalizar o movimento de ocupação de fábrica pelo Brasil, para fortalecer a luta dos trabalhadores e assim buscar a conquista da estatização da Cipla/ Interfibra. Apesar de muitas outras fábricas ocupadas não houve uma generalização capaz de impor as estatizações.
Quanto às viagens para organizar as conferencias realizadas todos os anos, na Assembléia Geral do dia 27 de abril de 2004 foi reafirmado tal encaminhamento no item 11 da resolução aprovada por ampla maioria: “Reafirmada a 2º Conferencia Nacional a ser realizada na Sede nacional da CUT em São Paulo, entre os dias 05 e 06 de junho de 2004. Uma Pré-Conferencia de Joinville será realizada em 29 de maio de 2004 ”. Portanto, tal decisão não tinha nada de político-partidário e sim uma posição coletiva que expressava a vontade dos trabalhadores. Todo o custo destes eventos eram financiados pela Ferreirinha.
Quanto à afirmação que foram sonegados direitos trabalhistas dos funcionários, e frustradas/ fraudadas execuções fiscais, é uma acusação alucinada e de má-fé do interventor. Vejamos, a Cipla contribuiu numa média mensal de 10 mil reais mensais com a Ferreirinha. Que direitos ou tributos foram sonegados com o não recolhimento deste valor? O que era possível pagar com este valor ? No entanto, a luta desenvolvida a partir deste valor cumpriu com a decisão de Assembléia Geral dos trabalhadores reafirmada no item 12 da resolução aprovada no dia 21 de outubro de 2004 que diz: “A Comissão de Fábrica tem a responsabilidade de organizar a defesa das máquinas, equipamentos, leilões, e outras ações judiciais, para impedir o fechamento das fabricas”.
Sem combate, máquinas importantes teriam sido arrancadas das fabricas ou as contas bancárias teriam sido bloqueadas pelo Banco Central e as fabricas já teriam sido fechadas. Portanto, a direção da Comissão de Fábrica não fez nada mais do que garantir o cumprimento das decisões das assembléias gerais.
As viagens de Serge e de conhecidos
Em documento emitido no dia 12 de junho, o interventor diz o seguinte: “tomei conhecimento que a empresa Cipla cobria as despesas com viagens internacionais de um dos membros da antiga comissão que administrava a mesma, qual seja, o Sr. Serge Goulart (.. .) cumpre informar também que de tais relatórios verificam-se a realização de diversas despesas com táxi, refeições e hospedagem, sem, contudo, que fossem apresentados os respectivos comprovantes (...) os relatórios incluem apenas despesas com viagens internacionais realizadas no período compreendido entre os anos de 2004 e 2007 (...) outro ponto a ser ressaltado é o fato de que a Cipla custeou as despesas de dois “companheiros” do Sr. Serge Goulart, tanto que os mesmos sequer eram funcionários da Cipla (...) mais uma vez se comprova o crime de apropriação indébita”. Acusação completamente ridícula.
Resposta do Comitê
O interventor na sua postura política de procurar desmoralizar o principal dirigente das fabricas, o companheiro Serge Goulart, e destruir o movimento de ocupação de fabricas , conforme os interesses patronais, tenta impor a Serge a pecha de gastar dinheiro indevido das empresas, para viagens internacionais, alegando crime de apropriação indébita. Nada mais absurdo.
Todas as viagens foram aprovadas nas instancias de poder das fabricas, seja no CAF, na Comissão de Fábrica ou em Assembléia Geral ou de turno. No retorno, era feito prestação de contas do resultado da viagem em todas as instancias, inclusive com relatório publicado em jornais públicos e ainda colocado nos murais para informar o resultado da viagem. Sempre o mais transparente possível. Tudo era decidido e prestado contas coletivamente.
Das 13 viagens apresentadas, 07 foram para a Venezuela. O interventor, por exemplo, em nenhum momento liga as viagens para a Venezuela com o projeto comercial/ político desenvolvido entre a Cipla e aquele governo conhecido como Projeto Venezuela.
Não informa, também, que duas das viagens à Europa foram para organizar e participar da Conferencia Mundial Aberta, onde se buscou articular a luta internacional pela estatização e contra os ataques que os dirigentes já sofriam naquela época, como ameaças de prisão por não aceitarem ser fiel-depositários das penhoras de faturamento do INSS. Neste evento participaram, além de Serge, mais quatro trabalhadores cujos nomes foram aprovados em assembléia: Valmir Bittencourt, Celso Araújo , Domingos da Rosa e Marlene de Oliveira.
Quanto a viagem a Cuba, o interventor esconde que as fábricas foram convidadas pela Central Sindical Cubana (CTC) para participar do 1º de Maio em Havana e do 6º Encontro Hemisférico contra os Tratados de Livre Comércio. Serge foi designado pela Comissão de Fábrica para representar as fabricas neste evento. Aproveitando a viagem, Serge articulou uma reunião com o Ministério da Habitação de Cuba para apresentar o Projeto Petrocasa, o mesmo desenvolvido na Venezuela. O governo cubano se mostrou interessado e as negociações só foram interrompidas devido a intervenção. Nesta viagem, Serge foi acompanhada de sua esposa que pagou sua própria passagem com seu cartão de crédito pessoal. O que pode ser comprovado na Agencia Allestur, em Joinville. O visto de entrada, que só pode ser feito por uma agencia de viagem, no valor de cento e sessenta reais, foi faturado pela agencia em nome da Cipla. Deste valor R$80,00 seriam restituídos com o desconto em folha do pagamento de Serge. O que foi impedido pela intervenção.
A viagem a Buenos Aires foi para participar de uma reunião do Comitê organizador do Encontro Latino Americano das Fabricas Recuperadas por Trabalhadores da América Latina, sendo Serge Goulart seu coordenador. Participaram desta reunião a Central Sindical PIT-CNT, do Uruguai, o Movimento Nacional de Empresas Recuperadas (MNER) da Argentina, a Freteco da Venezuela, as fabricas recuperadas do Paraguai e outras organizações. O I Encontro se realizou em Caracas, em 2005 e o II Encontro será este ano, 2007, em outubro, no mesmo país.
As viagens a Paris e Barcelona foram para participar de Encontro Internacional com objetivo de intensificar a campanha em defesa da estatização e contra as tentativas do INSS de executar as empresas. Desde final de 2004, Serge Goulart é ameaçado de prisão pela Justiça Federal, a pedido do INSS, pela negativa de cumprir a decisão judicial de recolher mensalmente penhoras que somadas chegam ao absurdo de 45% do faturamento. Se isso ocorresse, as empresas já estariam fechadas a muito tempo. Todas as viagens internacionais foram para articular apoio do movimento operário, através de seus sindicatos, centrais sindicais e lideranças políticas para que pressionassem o governo Lula pela estatização das fábricas ocupadas e contra as ameaças de prisão dos dirigentes do movimento.
A média diária de gastos nas viagens internacionais “denunciada” pelo fascista com despesas de hotel , alimentação e transporte é de trezentos reais. O que só prova que todos buscavam economizar muito nestas viagens. Os valores são ridículos para viagens internacionais. Todos os gastos eram orçados antes das viagens e os que viajavam, e tivemos dezenas de técnicos viajando, tinham uma cota limite de gastos. Portanto, não há nenhum tipo de locupletação com o dinheiro destinado para as despesas de viagem, assim como nenhum tipo de apropriação indébita como afirma o interventor. E todos os gastos da Cipla e Interfibra sempre foram publicados em murais regularmente e apresentados em assembléias onde tudo podia sempre ser questionado. Diferente de agora onde com este interventor fascista “manda quem pode e obedece quem tem juízo”!
Interventor alega inexistência de Atas que comprove autorização de assembléia para Cipla pagar despesas pessoais de Serge Goulart
Em documento emitido dia 06 de junho, o interventor em resposta ao Juiz afirma o seguinte: “com relação à determinação de Vossa Excelência de juntada aos autos da cópia da Ata da Assembléia Geral que autorizou a Cipla a pagar as despesas pessoais do Sr. Serge Goulart, vem informar que em momento algum foram realizadas assembléias gerais consultando os trabalhadores sobre o pagamento de tais despesas, portanto é inexistente tal documento”.
Resposta do Comitê
MENTIROSO. Todas as discussões foram feitas ou no CAF, ou na Comissão de Fábricas e informadas em assembléias de turno ou geral.
Se as viagens eram autorizadas nas instancias de poder da fabrica, portanto, suas despesas com transporte, hotel e alimentação tinham que ser pagas pela fabrica.
Quanto a todas as Atas, o interventor invadiu a fábrica com 150 policiais federais armados até os dentes. Expulsou quem quis e se apropriou não só dos pertences pessoais de todos os dirigentes como tomou posse de todos os documentos existentes na empresa. Não contava ele que alguns companheiros tinham cópias, em casa, das Atas das Assembléias Gerais e das reuniões da Comissão de Fábrica. Fracassou mais uma vez o interventor fascista.
As Atas confirmam que se trata apenas de mais acusações infames que demonstram o grau de leviandade do interventor, um agente fascista dentro das fabricas nomeado por um juiz a pedido do INSS.
CDs para a campanha de Mariano
Interventor envia para a imprensa, via sindicato, notas fiscais da Cipla de compra de mil CDR´s e afirma que foram para serem utilizados pela campanha de Mariano à deputado estadual. Afirma em documento enviado ao Presidente do PT, Manoel Bento: “cabe informar que um dos vereadores do partido, Sr. Adilson Mariano, locupletou-se da empresa Cipla, para atingir seus objetivos eleitoreiros, como ex. a compra de 1000 CD-Rs, com recurso da citada empresa, sendo que os mesmos foram gravados na dependência daquela, utilizando-se do departamento de informática para tal”.
Resposta do Comitê
No Direito as provas têm que ter nexo causal, ou seja, tem que haver provas contundentes que relacione causa e efeito. Neste caso, o interventor deveria apresentar as provas que tem para relacionar os CDR`s comprados com a campanha de Mariano. A utilização de uma capa de CDR com o adesivo de campanha de Mariano prova o que mesmo? O interventor deveria ter o mínimo de responsabilidade com as acusações para não ser processado, mas o seu sentimento de impunidade, acobertado pela Justiça, lhe inspira a fazer o que bem lhe entende. Vai pagar na Justiça por todas as calunias cometidas até o momento.
O CDR´s foram comprados para gravar dois vídeos existentes do processo de ocupação das fabricas em luta pela estatização que foram enviados a dirigentes sindicais do Brasil e do exterior, como instrumento de divulgação da Conferencia Pan-americana das fabricas ocupadas, realizada em dezembro na Cipla. Neste evento compareceram quase oitocentos delegados. Todos conheciam o histórico da ocupação da Cipla/ Interfibra/ Flaskô através destes CDs. Isto também é público e notório.
IV
Os delírios de um fascista

Interventor tenta criminalizar os dirigentes das fabricas demitidos
Em documento emitido no dia 04 de junho, o interventor faz as seguintes declarações: “chegam ao meu conhecimento que funcionários que se encontram trabalhando (...) tem recebido diversas ameaças, inclusive contra a sua integridade física e de seus familiares, via telefone (no trabalho ou em casa) ou mesmo em abordagens pessoais na rua (...) nesses contatos os integrantes da comissão e seus colaboradores incitam os funcionários a sabotar maquinas e equipamentos das empresas, entregar-lhes ou destruir documentos.
Resposta do Comitê
Espera ai, como é que o ameaçado também é incitado a sabotar a empresa? Falta nexo nesta acusação. Vai ver que o interventor acha que as pessoas não têm cérebro para enxergar o delírio da acusação.
Movimento Sindical ocupa o escritório do interventor em Florianópolis
Dia 06 de junho dezenas de dirigentes sindicais ocuparam a sede do Instituto Rainoldo Uessler, esta arapuca de sugar empresas armada pelo interventor em Florianópolis. A manifestação foi pacifica e esperava conversar com o interventor. No entanto, ele não estava presente. A iniciativa foi tomada pelos sindicalistas.
O interventor para incriminar a Comissão de Fábrica faz as seguintes afirmações no documento emitido dia 06 de junho: “venho informar que no dia de hoje fui informado de que a sede de meu Instituto, foi invadido elos membros da antiga Comissão que administravam as empresas Cipla/ Interfibra, para as quais fui designado Interventor Judicial. Como se não bastasse a invasão, ainda meus funcionários encontram-se em cárcere privado, sob intensa coação moral, bem como o patrimônio do Instituto foi destruído (...) Diante de tais atos criminosos não me resta outra alternativa, senão requerer a prisão imediata e incondicional dos membros deste movimento ilegítimo e ilegal que insistem em aviltar o Estado Democrático de Direito.
Resposta do Comitê
Mais uma vez o interventor mente e delira para incriminar os dirigentes da comissão de fábrica. Nenhum dos dirigentes estava em Florianópolis no dia do Ato na sede do interventor. Nenhum funcionário foi agredido. Ninguém foi mantido em cárcere privado e nada foi destruído.
O extremo do delírio foi pedir prisão para os dirigentes que nada tem haver com a decisão dos sindicalistas que queriam conversar com o interventor. É claro que nenhum Juiz em sã consciência referendaria uma decisão absurda dessa.
Bombas caseiras vão tocar fogo na Cipla
Em documento emitido dia 12 de junho, o interventor vai ao extremo da insanidade quando acusa que “os manifestantes vem divulgando que neste mesmo dia – 13 de junho – e horário, irão invadir as empresas e colocar fogo nas fabricas, inclusive mencionando que possuem bombas caseiras para alcançar seus criminosos objetivos”.
Resposta do Comitê
O ódio de classe leva o interventor a insanidade. Sua veia fascista leva a atacar os dirigentes operários de forma alucinada.
O dia 13 de junho foi o dia do Ato Nacional pelo fim da intervenção nas fabricas ocupadas. Para tentar barrar o Ato, o interventor inventa mentiras absurdas de que os dirigentes nacionais que estariam presentes na porta da fabrica tocariam fogo com bombas caseiras.
Acontece que no dia do Ato o Major da PM, comandante da operação, estava com um pequeno efetivo da Policia Militar, e acompanhou o Ato liberando uma pista para a livre manifestação. Nada de incomum aconteceu. Nenhuma bomba caseira foi atirada na Cipla e ninguém saiu ferido. Foi um Ato Político público e democrático como sempre foram as atividades dos trabalhadores das Fábricas Ocupadas. O interventor, mais uma vez, saiu como mentiroso e caluniador infame.
V
As acusações de locupletação dos dirigentes

Num documento enviado ao Presidente Interino do PT de Joinville, Manoel Bento, no dia 26 de junho, o interventor (que vai sangrar a Cipla e Interfibra em R$360 mil em poucos meses com seu módico salário) faz sérias acusações contra os dirigentes demitidos, de terem desviados recursos financeiros das empresas para seu beneficio próprio. Inclusive todas as acusações foram focos de ataques dos boca de aluguel na imprensa de Joinville. Vejamos as acusações:
Literalmente, o interventor afirma o seguinte: “durante os primeiros dias de intervenção, por intermédio dos trabalhos de auditoria, já foram verificados várias irregularidades, como por exemplo, desvios de recursos financeiros da empresa, praticados pela Comissão de Fábrica, dentre os quais podem ser citados: cirurgias particulares e reformas de residência de membros da comissão pagas com recursos da empresa; além do mais, a comissão levou consigo diversos bens pertencentes à empresa, como notebooks e impressoras (...)”.
A cirurgia de Serge
Quando inventa “cirurgias particulares” o interventor está falando que uma cirurgia feita por Serge Goulart teria sido paga pela empresa. Esta cirurgia era de conhecimento de todos porque implicava num afastamento de Serge das atividades profissionais por um período de 30 dias. O interventor resolveu falsificar os fatos e mentir publicamente.
Na coluna de Luiz Veríssimo, no Jornal Noticias do Dia, é feita a afirmação de que o interventor “descobriu” que esta cirurgia custou mais de cem mil reais e foi paga pela Cipla. Mentira descarada!
A cirurgia de Serge foi integralmente paga pelo seu próprio plano de saúde da Unimed, que Serge paga há anos. A Cipla não pagou nenhum centavo desta ou de qualquer outra operação. Cadê a nota fiscal que comprova o pagamento pela Cipla desta cirurgia?
Em compensação, Serge divulgou os documentos de seu plano de saúde imediatamente quando inventaram as mentiras.
O Sistema de Segurança na residência de Serge
É provável que o interventor esteja se referindo quanto a “reforma na residência de membros da comissão pagas com recursos da empresa” sobre a instalação de sistema de segurança na residência de Serge que custou treze mil reais.
A Cipla foi assaltada, os seguranças rendidos e durante horas os assaltantes se moveram dentro da empresa num sábado a noite. Levaram o caixa eletrônico e uma parede falsa na sala dos antigos patrões, até então desconhecida, foi aberta pelos ladrões. Até hoje não se sabe o que havia dentro daquela parede dupla. Estranhamente dois dias depois a residência de Serge foi assaltada. Nada de valioso foi levado, mas o seu escritório foi todo revirado. Três dias depois houve um novo assalto. Livros e documentos foram levados. Há vinte e cinco anos, a casa de serge nunca havia sofrido um assalto. Sua esposa e duas filhas pequenas estavam aterrorizadas. Serge informou ao CAF que não sabia o que fazer. Estava proposto a se demitir para atender ao pedido da esposa e das filhas. Mas, o CAF não aceitou a proposta e decidiu garantir-lhe a segurança. Inicialmente pensaram em contratar seguranças patrimoniais, mas o custo se tornou inviável. Foi então que um dos membros do CAF, responsável pelo setor financeiro da empresa, propôs um sistema de segurança com câmeras de vídeo e a compra de um portão eletrônico. Desde então, não houve mais nenhum assalto em sua residência.
Portanto, o interventor calunia quando afirma que Serge desviou dinheiro da empresa para seu beneficio pessoal. Não, a decisão foi tomada na instancia administrativa da fabrica e tinha uma razão real de segurança. Toda a discussão desta reunião esta contida em Ata, mas o interventor não está interessado nos fatos e sim numa perseguição política implacável contra os dirigentes das fábricas ocupadas.
Os computadores do Serge
O interventor também acusou que Serge comprou dois computadores para seu escritório em São Paulo. Serge não tem escritório em São Paulo. O escritório que o interventor diz ser de Serge, na verdade foi uma decisão do Comitê Administrativo e Financeiro da Cipla para fortalecer nossa posição em São Paulo, principal centro econômico e político do país.
Interventor não fala da matéria prima
O interventor faz uma série de ataques e calunias contra, principalmente, Serge Goulart, conhecido dirigente do movimento operário, com o claro objetivo de desmoralizá-lo politicamente e, assim, destruir o movimento de ocupação de fábricas no Brasil.
Em nenhum momento, o interventor informa sobre a parceria que Serge conseguiu com o governo venezuelano, onde mais de quatro milhões de reais em matéria prima foi enviada às fabricas. Sem essa matéria prima, estas empresas já teriam fechado. Foi ela quem impulsionou uma capitalização, num momento, que os trabalhadores não tinham mais a quem recorrer. Foi em Chávez que Serge recorreu e foi atendido pelo Presidente Venezuelano, que dirige um processo revolucionário no seu país.
Se a intervenção não estivesse ocorrido, mais dois milhões de reais teria entrado na fábrica para melhorar a situação financeira, terminar de pagar as contas do mês, salários, etc. Nos próximos meses viriam mais R$4 milhões para fechar o acordo feito com as fabricas ocupadas. Com a intervenção tudo está suspenso. Assim estes empregos teriam mais alguns anos de perspectiva e com a continuidade da relação política/ comercial com a Venezuela, talvez estas empresas com todos os seus empregos pudessem ser salvas.
Os processos por danos morais estão a caminho
Todas estas acusações estão sendo motivos de processos contra o interventor, o sindicato e os boca de aluguel que fizeram reprodução das mesmas, como se fossem verdades absolutas, em seus programas de rádio, tv ou nas suas colunas nos jornais. Todos estão sendo processados por falsificação, calúnia e difamação. E vão responder nos tribunais por danos morais.
Seus ataques tem objetivos políticos e inconfessáveis. Querem destruir o movimento das fábricas ocupadas porque ele põe em pânico os capitalistas e seus agentes no governo e no parlamento. Para isso atacam trabalhadores que nada mais fizeram do que lutar e conseguir manter, com todas as dificuldades, os postos de trabalho da Cipla e Interfibra por cinco anos.
Controlando orçamentos de mais de R$ 60 milhões por ano nenhum dos dirigentes do movimento mudou de vida ou levou um centavo sequer para seu beneficio próprio. Isto deixa os ratos da burguesia enlouquecidos. Afinal, a lógica mafiosa e oportunista que permeia a sociedade burguesa é que cada um tem que se dar bem a qualquer custo. Mas este não é o principio e nem o objetivo de um socialista e nem da classe trabalhadora.
VI
O interventor afirma que os trabalhadores o apóiam
No mesmo documento enviado ao Presidente do PT, o interventor faz a seguinte afirmação: “além da circulação nos murais da empresa das irregularidades encontradas e que foram cometidas pelos membros da Comissão de Fábrica com a finalidade de dar conhecimento aos funcionários e demonstrar transparência na nova administração, foi promovida uma pesquisa junto aos trabalhadores – de livre adesão – que apontou o seguinte: 93,31 das pessoas que estão trabalhando são a favor da intervenção e 76,75 do total dos funcionários da empresa é a favor da intervenção”.
Ou seja, ele nem esconde que utiliza os murais das empresas para difundir covardemente suas mentiras e calunias contra os dirigentes que ele expulsou da fabrica as custas de 150 Policiais Federais. Seu objetivo com esta medida é obvio, colocar os trabalhadores contra os dirigentes que elegeram e assim conseguir um mínimo de crédito.
Os trabalhadores informaram que foram obrigados a assinar quando seus chefes e os diretores nomeados pelo interventor foram de máquina em máquina, de setor em setor, requerer suas assinaturas no tal abaixo assinado que referendava a intervenção. Quem negasse assinar, era ameaçado de demissão.
É a democracia de Hitler ou as eleições que Bush organizou no Iraque.
Se os trabalhadores são favoráveis à intervenção porque ao invés de invadir a fabrica com a Polícia Federal, não foi convocada pelo sindicato uma assembléia geral para destituir a comissão como eles já tentaram fazer uma vez?
Por que quando tentaram, fizeram e dirigiram a assembléia e perderam de 92% a 8% .
Quem nunca viu um ditador armado até os dentes obrigar o povo a ir às suas palhaçadas e depois afirmar que tem o apoio de todos?!
Estamos prontos para uma assembléia com voto secreto, desde que tenhamos o direito a palavra, para discutir e decidir por maioria se o interventor ou a Comissão eleita é quem deve ficar.
VII
Gestão do interventor X Gestão dos trabalhadores

Como ultimo ponto, cabe salientar o desastre da gestão do interventor, comparado com a gestão dos trabalhadores.
A situação hoje sob a direção do interventor
A primeira medida do interventor foi acabar com todas as conquistas da gestão operária sob direção da Comissão de Fábrica. OS SALÁRIOS ESTÃO SENDO ATRASADOS. Falta pagar uma parte de abril, em maio foi pago apenas mil e cem reais e o de junho foi pago, até o momento, setecentos reais. O motivo? Primeiro tem que ser pago a fortuna escandalosa do salário do interventor de OITENTA E SETE MIL REAIS por mês. Além disso, ele deu fim na maior conquista dos trabalhadores: 30 horas semanais. O banco de horas foi reinstalado e o trabalhador que antes decidia junto, hoje é ignorado, inclusive nenhuma satisfação é lhe dada, por exemplo, pelo atraso do salário.
O interventor anunciou nos jornais, rádios e TV´s que ninguém seria demitido. No entanto, já ocorreram, em torno de cinqüenta demissões. E o fascista demite por JUSTA CAUSA para não pagar nada para ninguém. Vai perder também isso na justiça mas quer ganhar tempo e caluniar os trabalhadores.
Entre os demitidos estão Dona Onélia, uma senhora de 66 anos de idade e 36 anos de Cipla, e Domingos da Rosa com 52 anos de idade e 32 de Interfibra. Esta foi a recompensa paga por décadas de dedicação. Mas novas demissões estão a caminho. O interventor junto com a nova camarilha que comanda as empresas, decidiram enxugar 20% da folha de pagamento, ou seja, 180 mil reais de um total de 900 mil reais. Estão na lista de corte todos os aposentados, os ferramenteiros, as cozinheiras, as zeladoras e os vigilantes. Estes setores estão em fase de terceirização. Mas também vai junto gente da administração que se vendeu por trinta dinheiros e apoiou a intervenção.
O absurdo se amplia quando o motivo alegado para a intervenção, até o momento não foi cumprido pelo interventor: o pagamento mensal de 5% do faturamento para o INSS. Passou o mês de junho, já está se chegando ao final de julho e nenhum centavo foi recolhido. Pior, tanto o Juiz como o órgão do governo faz vistas grossas. Mas, então para que era mesmo a intervenção?
A situação no momento da ocupação
Quando a Comissão de Fábrica assumiu o controle das empresas em outubro de 2002, a situação era a seguinte: a Cipla havia faturado 950 mil reais e a Interfibra tinha faturamento zero estando parada há meses; os trabalhadores recebiam de 30 a 50 reais por semana e o 13º salário não era pago, acumulando atrasos salariais desde janeiro de 2002; a vida era um inferno já que as contas de água, luz e telefone de quase todos os trabalhadores estavam cortadas; para comer a maioria dos operários dependia de cesta básica dos familiares e da igreja; o FGTS, assim como nenhum imposto era pego nos últimos dez anos; A JUSTIÇA, O GOVERNO E O SINDICATO SE MANTINHAM CALADOS. Não houve nenhuma intervenção para obrigar os Batschauer a pagar os impostos, os salários e os direitos dos trabalhadores para acabar com a humilhação que passavam.
A gestão operária até o momento da intervenção
O faturamento da Cipla/ Interfibra atingiu próximo de cinco milhões, sem um centavo de ajuda governamental, mas continuava faltando três milhões mensais para atingir o ponto de equilíbrio, ou seja, aquilo que as empresas tem que faturar para honrar todos os seus compromissos. Portanto, todos os meses as dividas se acumulavam, o que impediu, por exemplo, saldar o FGTS e todos os impostos.
O salário e o 13º de 2003 até 2005 estavam em dia. O 13º de 2006 faltava quitar a metade, que seria acertada no mês de junho através da matéria prima vinda da Venezuela, mas a intervenção impediu.
Dos salários, férias, etc., não pagos pelos antigos proprietários, a administração dos trabalhadores conseguiram pagar mais de 80% e ainda pagar mais de dois milhões de reais do passivo trabalhista deixado pelos patrões com os que não estavam mais na empresa.
Como o faturamento ainda não havia atingido o ponto de equilíbrio, era necessário escolher o que pagar e o que deixar para traz. Com isso, uma parte do ICMS, o INSS do empregado, assim como o IRF foram recolhidos desde 2003. A decisão dos trabalhadores sempre foi primeiro honrar os salários e garantir a compra de matéria prima. E por isso os trabalhadores fizeram a escolha de só recolher os demais impostos e encargos quando houvesse condições, que não foi alcançada até a intervenção. E agora nunca mais será.
Conquistas como o fim do banco de horas, a redução da jornada de trabalho, em abril de 2003, de 44 para 40 horas semanais com o sábado livre e, em janeiro de 2007, de 40 para 30 horas semanais, tudo sem redução de salários, foram comemoradas pelos trabalhadores. Todas as linhas gerais da administração eram decididas em assembléias com todos os trabalhadores.
Além de ter mantido todos os mil postos de trabalho, neste ano, com a adoção das 30 horas, 40 novos postos de trabalho foram gerados na Cipla.
Por isso dissemos durante estes cinco últimos anos: “Eles fecham fábricas, nós abrimos. Eles roubam as terras, nós ocupamos. Eles fazem as guerras e ameaçam o futuro da humanidade. Nós queremos a paz e por isso somos o futuro da humanidade!”

Joinville, 20 de julho de 2007
Comissão eleita da Cipla e Interfibra

Audiência pública na Assembléia Legislativa de SP foi emocionante!

O auditório Franco Montoro na ALESP ficou pequeno para as 200 pessoas que acompanharam a Audiência Pública que debateu a situação atual das fábricas ocupadas. O INSS de SP e o Escritório do Gabinete da Presidência da República em SP foram convocados oficialmente, mas não compareceram. Uma carta de repúdio será enviada em resposta a essa falta de compromisso com o povo paulista.
Na mesa, relatando e apoiando a luta dos trabalhadores da Cipla, Interfibra e Flaskô estavam o Deputado Estadual Raul Marcelo, a vereadora de Campinas Marcela Moreira, um representante do Deputado Federal Ivan Valente (os três do PSOL), o Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas, Osasco e Vinhedo, além dos camaradas Aldemir Pontes (Dema) e Pedro Santinho, ambos do Conselho de Fábrica da Flaskô.
No plenário estavam presentes: a Esquerda Marxista do PT, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Itapecerica da Serra, MST, um representante da coordenação nacional da Conlutas, um militante do PCB de Sergipe - que no momento estuda em universidades paulistas – além de professores, estudantes e apoiadores.
Como encaminhamentos finais, será enviado ofício solicitando uma reunião com o ministro da Previdência, Luís Marinho e outra carta pedindo uma reunião com o secretário estadual de Minas e Energia para tratar do corte de energia elétrica da Flaskô.
Em breve divulgaremos um relato mais completo dessa importante atividade que tomou conta da “casa do povo de SP” por cerca de quatro horas e que emocionou os presentes.

Comitê pede ajuda financeira para continuar a luta

Joinville, 23 de julho de 2007

Carta do Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra

Companheir@s!

Dirigimos-nos a vocês para solicitar ajuda financeira para a continuidade das atividades do Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra.
Como vocês sabem em 31/05/07 uma força policial militar invadiu estas duas fábricas ocupadas pelos trabalhadores por decisão judicial, a pedido do INSS, para cobrar uma dívida de R$250 milhões deixada pelos antigos proprietários. Invadiram e instalaram um interventor fascista que caçou trabalhadores dentro da fábrica e expulsou cerca de 50 companheiros de seu local de trabalho. A Comissão eleita pelos trabalhadores foi perseguida e caluniada de maneira infame pelo interventor e seus aliados, especialmente a grande imprensa a serviço da patronal da região.
Constituiu-se um Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra com dezenas de entidades, parlamentares, sindicatos, etc. Destacamos o apoio da Executiva Nacional da CUT, do Congresso do MST, do Congresso da CNQ/CUT (químicos, plásticos, petroleiros, vidreiros, papel, borracha, etc.), assim como do Senador Suplicy e dezenas de deputados e vereadores.
Mas, este Comitê para existir precisa do apoio material do movimento dos trabalhadores. É preciso rodar o boletim semanal, carros de som, gasolina, passes de ônibus, telefone, viagens, alimentação para alguns companheiros, gastos com advogados e custos das ações judiciais, etc.
Sem isso a campanha para, pois os companheiros que atuam no Comitê estão desde a intervenção sem salário e, portanto passando muitas dificuldades. Seu crime foi defender os trabalhadores contra as demissões e salvar as empresas que estavam fechadas (como a Interfibra) ou fechando (como a Cipla) há 5 anos atrás.
A intervenção é brutal e ilegal. É um ato fascista executado por um juiz de extrema direita para satisfazer os interesses dos trabalhadores. Lutamos pelo fim da intervenção e podemos ganhar se há apoio suficiente para que nossa luta perdure. Isto depende da ajuda financeira que o Comitê receber.
Solicitamos aos companheir@s que façam uma contribuição ao Comitê por 3 (três) meses para podermos manter viva esta luta tão importante. Não temos outros meios que não a solidariedade de nossos irmãos de classe e suas organizações.
Companheir@s, isso é urgente! Contamos com vocês!
Pedimos que depositem com a maior brevidade possível contribuições nas seguintes contas:

Evandro Luiz Pinto
Bradesco
Cp: 191.413-3
Ag:358-1


Evandro Luiz Pinto
Banco do Brasil
Cc: 41360-7
Ag: 0038-8

Saudações,

Evandro Luiz Pinto
Coordenador do Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra
Serge Goulart
Coordenador do Movimento das Fábricas Ocupadas

Contatos - Sede do Comitê
jorgemartins769@yahoo.com.br
(47)9961-8000 ou (47)3027-5048

Nota pública do comitê pelo fim da intervenção

1. A presente nota busca fazer uma reflexão sobre o sentido dos ataques políticos promovidos de forma caluniosa pelo interventor judicial e pelo Sindicato. Afinal, para o Comitê está claro o objetivo da intervenção: providenciar a falência das empresas, mas para garantir isso é necessário aos golpistas (interventor, sindicato, INSS e a patronal) destruir a imagem dos dirigentes eleitos com 80% dos votos dos trabalhadores e demitidos por justa causa;

2. Os trabalhadores plásticos sabem que a atual diretoria do sindicato serve de correia de transmissão da patronal ao invés de defender os interesses dos trabalhadores. Basta conhecer a prática destes dirigentes, como o acordo de redução em 20% do salário dos trabalhadores da Amanco que permitiu à empresa comprar uma nova industria em São Paulo; ou o banco de horas aprovado em várias empresas para beneficiar os patrões; ou o impedimento através de um bando de trogloditas contratados, dos trabalhadores se manifestarem livremente nas assembléias gerais da categoria, desrespeitando a democracia do estatuto, isso entre outros absurdos;

3. O interventor junto com os pelegos do Sindicato, pretende com a campanha caluniosa, desmoralizar, através do linchamento público, as pessoas que fizeram de tudo, nos últimos cinco anos, e conseguiram manter as empresas funcionando com os mil postos de trabalho, mesmo assumindo um “passivo maldito” dos patrões, queiram os golpistas ou não;

4. Esta tática desprezível, busca ganhar respaldo dos trabalhadores e da opinião pública para sufocar todo e qualquer apoio das organizações sociais, populares, políticas e sindicais;

5. Todas os dias as calunias serão respondidas com a comprovação da verdade dos fatos por este comitê, assim como os processos judiciais cabíveis, seja por mentiras, injurias, calunias ou distorções de fatos, já estão sendo providenciados. Os caluniadores terão que responder nos tribunais por todos os ataques desprezíveis que promoveram;

6. Está claro que a intervenção foi um golpe fascistóide armado pelo sindicato, o INSS, o interventor e a classe patronal para dar fim ao movimento de ocupação de fabricas que chegou a ocupar 15 fabricas pelo Brasil, impedindo o fechamento momentâneo dessas empresas. Afinal, como escreveu o Juiz, “já pensou se esta moda pega?”.

7. A greve da Cipla/ Interfibra que arrancou dos patrões um Acordo Coletivo de Trabalho onde se comprometiam a passar as empresas para quem os trabalhadores decidissem, foi um fato que encerrou uma fase de fechamento de fabricas em Joinville, onde os trabalhadores pagavam o preço da irresponsabilidade e pilhagem patronal. Casos como da Matric e Ambalit, faziam parte do passado. Os patrões não podiam mais desviar a riqueza para seus bens pessoais e montar outro CNPJ, sem nenhuma medida judicial ou prisão contra eles. Os trabalhadores agora sabem o que fazer para impedir sua desgraça;

8. O acordo firmado com o governo venezuelano, de envio de matéria prima de graça para as fabricas ocupadas, indignou os poderosos da classe patronal. O ataque partiu de gente poderosa como Paulo Skaf, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), que disse o seguinte: “É inaceitável esta ingerência do governo de Chavez nos assuntos internos brasileiros e no seu relacionamento de apoio as fabricas ocupadas Cipla/ Interfibra/ Flaskô” OESP - 22/02/07. O mesmo fez Merheg Cachum, Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Plásticos (ABIPLAST): “O governo venezuelano apóia ocupações de indústrias plásticas que foram assumidas por operários. Já são três (Cipla/ Interfibra/ Flaskô) as empresas que recebem apoio na forma de compra subsidiada de matéria-prima vinda da Venezuela... Em razão dessas atitudes, é imprescindível que os empresários e a sociedade civil de forma geral, organizem um manifesto de repúdio contundente a esse tipo de prática antes que isso se torne cotidiano e prejudique a democracia (burguesa é claro). Precisamos resgatar a indignação diante da interferência em nossos interesses (...) É preciso tomar providencias já. Revista da ABIPLAST – Maio 07.

9. Se esta intervenção não foi providenciada a partir de toda a pressão patronal, cabe perguntar, porque não ocorreu intervenção contra os patrões da Cipla/ Interfibra quando nenhum imposto e encargo foi recolhido em 10 anos? Ou quando os trabalhadores foram humilhados por nove meses ao trabalhar e receber de trinta a cinqüenta reais por semana? Há duvidas de que a intervenção ocorreu agora para dar fim no movimento que conseguiu manter todos os postos de trabalho e obteve conquistas significativas aos trabalhadores, como às 30 horas semanais e o sábado e domingo livre para a família? E porque não há intervenção para garantir o recolhimento do INSS dos maiores devedores da Previdência Social como a Encol (568 milhões), o Banco Bancesa (332 milhões), a Companhia Vale do Rio Doce (278 milhões), Mendes Junior Engenharia (268 milhões), Volkswagen (108 milhões), para ficar em alguns exemplos de uma lista de quinhentas empresas?

10. Para aqueles que duvidam do objetivo da intervenção em falir as empresas, como explicar estas afirmações feitas pelo Juiz? Diz ele “o custo social da manutenção desses mil postos de trabalho é EXESSIVAMENTE ALTO”. E mais: “será que a manutenção do Grupo Cipla, gera, de fato, o bem à sociedade? Será que sua existência não estaria mais para UM MAL DO QUE PARA UM BEM SOCIAL?”. Será que o Juiz, o sindicato e todos os apoiadores da intervenção vão sustentar as centenas de famílias que ficarão desempregadas ao final da intervenção?

Carlos Castro – Coordenador do Comitê pelo fim da intervenção na Cipla/ Interfibra
castrodireito@yahoo.com.br
Fone: (47) 9608-14-79

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Nessa sexta, todos à Audiência Pública em SP!

A Esquerda Marxista do PT - organização que dirige o Conselho de Fábrica da Flaskô - com apoio da vereadora de Campinas Marcela Moreira e do Deputado Estadual Raul Marcelo (ambos do PSOL), conseguimos aprovar a convocação de uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa de SP para discutir a situação atual das fábricas ocupadas.
Devem enviar representantes para compor a mesa da reunião o INSS de SP e o Escritório de SP do Gabinete da Presidência da República. Do lado esquerdo estarão os trabalhadores da Flaskô e do movimento nacional das fábricas ocupadas, a CNQ/CUT, o Sindicato dos Químicos de Campinas e um representante do prefeito Bacchin (PT) de Sumaré.
No plenário estarão centenas de apoiadores, movimentos sociais, sindicatos e parlamentares, que poderão debater os ataques que assolam nosso movimento e “partir pra cima” dos responsáveis que têm o poder e o dever de por um fim na intervenção federal na Cipla e Interfibra (SC) e de resolver o problema da Flaskô.
A Audiência é nesta sexta, dia 20 de julho, às 14h, no Auditório Franco Montoro (ALESP). Os ônibus de Sumaré e região sairão da Flaskô às 11h. Compareçam!

Audiência Pública na Assembléia Legislativa de SP
Nesta sexta, às 14h
Auditório Franco Montoro

Saída às 11h da Flaskô (Sumaré/SP)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Senador Suplicy envia ofício ao presidente Lula

O ofício abaixo também foi enviado ao ministro da Previdência, Luís Marinho e à juíza do Trabalho de Sumaré - que analisa o pedido de procuração para os trabalhadores - junto com uma carta do Conselho de Fábrica da Flaskô que relata a situação e nosso pedido de fim da intervenção.

Ofício n.º 01271/2007 Brasília, 09 de julho de 2007.

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Ao cumprimentar cordialmente Vossa Excelência envio carta que me foi endereçada por trabalhadores que respondem pelo Conselho de Fábrica da empresa Flaskô, indústria do setor plástico, ocupada e sob o controle operário desde 2003 em razão da má gestão dos seus antigos proprietários.

Conforme relatam, desde o início da gestão por parte dos operários a empresa tem obtido resultados positivos e com isso firmado acordos com a Justiça do Trabalho para pagamento de direitos trabalhista, com a CPFL para fornecimento de energia e com o INSS a fim da continuidade no funcionamento da fábrica e manutenção dos empregos.

Ocorre, no entanto, que recentemente a CPFL cortou o fornecimento de energia para a Flaskô e se nega a abrir um canal de negociação com vista ao religamento alegando estar cumprindo decisão judicial que determinou a intervenção nas empresas do “Grupo Cipla” e que somente pode atender ao pedido através do interventor. Em síntese o parque fabril da Flaskô está parado em razão da falta de fornecimento de energia pela CPFL, não conseguirá cumprir com as entregas de produtos negociados e consequentemente, a se permanecer a situação atual, os trabalhadores, num futuro próximo, ingressarão nas estatísticas de desempregados.

Diante disso e tendo em vista que a intervenção se deu em razão de pedido do INSS em uma Ação de Execução que corre na Vara de Execuções Fiscais de Joinville-SC em desfavor da empresa CIPLA, o Conselho de Fábrica da Flaskô reivindica ações por parte do Governo Federal a fim de que seja desconstituída a medida e a empresa volte a funcionar e assim preservar os empregos e a continuidade no pagamento dos impostos e dívidas. Tendo em vista uma solução viável que atenda aos interesses dos trabalhadores e do Governo solicito a Vossa Excelência que avalie as considerações e pedido expostos na carta em anexo.

Respeitosamente,




Senador Eduardo Matarazzo Suplicy

Flaskô ainda sem luz, mas ainda na luta!

Ontem (12/07), de novo, três membros do Conselho de Fábrica da Flaskô buscaram reabrir as negociações com a CPFL, para que o fornecimento de energia elétrica seja retomado.
Mas desta vez, eles pela vereadora Marcela Moreira (PSOL – Campinas), do assessor do Deputado Estadual Raul Marcelo (PSOL), do vereador Signorelli (PT – Campinas), vereador Niraldo (PCdoB – Sumaré) e do gabinete do prefeito Bacchin (PT – Sumaré).
A direção da CPFL balançou, mas manteve o corte de energia. Uma nova reunião está marcada para hoje (13/07).
A solidariedade de classe é fundamental para que os trabalhadores da Flaskô se mantenham na luta, após quase um mês sem produção.
Por isso, solicitamos a todo movimento operário nacional e internacional que contribuam financeiramente com nossa luta, até conseguirmos religar a luz e voltar a trabalhar.
A cada dia que passa, a situação fica mais difícil para os 90 pais e mães de família da Flaskô. O desemprego e a miséria se aproximam.
De imediato, precisamos de dinheiro para nossa alimentação e para a mobilização em direção à Assembléia Legislativa de São Paulo, na Audiência Pública (próxima sexta, dia 20/07, às 14h, Auditório Franco Montoro).

Banco Bradesco
Agência: 2297-7
Conta Corrente: 0510019-4
Em nome de Pedro Alem Santinho, do Conselho de Fábrica da Flaskô

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Situação atual dos trabalhadores da Cipla e Interfibra

Semanalmente, panfletos e jornais são distribuídos aos trabalhadores da Cipla e da Interfibra e também à população de Joinville/SC pelo comitê contra a intervenção nas fábricas ocupadas. Abaixo há um texto que concentra algumas dessas informações.

A situação da Cipla no momento da intervenção
O faturamento da Cipla/ Interfibra atingiu próximo de cinco milhões, sem um centavo de ajuda governamental, mas continuou faltando três milhões para atingir o ponto de equilíbrio, ou seja, aquilo que as empresas tem que faturar para honrar todos os seus custos. Portanto, todos os meses as dividas se acumulavam, o que impediu, por exemplo, da comissão saldar o FGTS e todos os impostos.
O salário e o 13º de 2003 até 2005 estavam em dia. O 13º de 2006 faltava quitar a metade, que seria acertada no mês de junho através da matéria prima vinda da Venezuela, mas a intervenção impediu.
Dos salários não pagos pelos patrões foi liquidado 80%, e mais de dois milhões de reais foi honrado do passivo trabalhista deixado pelos patrões.
Como o faturamento ainda não havia atingido o ponto de equilíbrio, era necessário escolher o que pagar e o que deixar para traz. Com isso, uma parte do ICMS, o INSS do empregado, assim como o IRF foi acertado desde fevereiro de 2003. Mas à parte do empregador, assim como o FGTS e outros encargos, se fossem pagos, não teria como honrar o salário ou a matéria prima. Então, os trabalhadores fizeram a escolha de só acertar estes impostos quando houvesse condições, que não foi alcançada até a intervenção.
Conquistas como o fim do banco de horas, a redução da jornada de trabalho em abril de 2003 de 44 para 40 horas semanais e em janeiro de 2007 de 40 para 30 horas semanais, o sábado e domingo livre para a família, foram comemoradas pelos trabalhadores. Todas as linhas gerais da administração eram decididas em assembléias gerais com todos os trabalhadores.
Além de ter mantido todos os mil postos de trabalho, neste ano, com a adoção das 30 horas, foram incrementados mais cem novos postos de trabalho, ou seja, novos empregos gerados.
Portanto, o Juiz foi leviano e infeliz quando afirmou que quase nada ou muito pouco mudou na gestão da Comissão de Fábrica.

A situação hoje sob a direção do interventor
A primeira medida do interventor foi acabar com todas as conquistas da gestão operária sob direção da Comissão de Fábrica. OS SALÁRIOS ESTÃO SENDO ATRASADOS. Falta pagar uma parte de abril, em maio foi pago apenas mil reais e o de junho foi pago, até o momento, cento e cinqüenta reais. O motivo? Primeiro tem que ser pago a fortuna escandalosa do interventor de OITENTA E SETE MIL REAIS por mês. Além disso, não há mais 30 horas semanais, o banco de horas foi reinstalado e o trabalhador que antes ajudava nas decisões, hoje não é sequer consultado para mais nada.
O interventor anunciou nos jornais, rádios e TV´s que ninguém seria demitido. No entanto, já ocorreram, em torno de cinqüenta demissões por JUSTA CAUSA, entre os demitidos estão Dona Onélia, uma senhora de 66 anos de idade e 36 anos de Cipla, e Domingos da Rosa com 52 anos de idade e 32 de Interfibra. Esta foi a recompensa paga por décadas de dedicação. Mas novas demissões estão a caminho. O interventor, junto com a nova camarilha que comanda as empresas, pretende demitir mais 150 trabalhadores para enxugar 20% da folha de pagamento, ou seja, 160 mil reais de um total de 800 mil reais. Estão na lista de corte todos os aposentados, os ferramenteiros, as cozinheiras, as zeladoras e os vigilantes. Estes setores estão em fase de terceirização.
O absurdo se amplia quando o motivo alegado para a intervenção, até o momento não foi cumprido pelo interventor: o pagamento mensal de 5% do faturamento para o INSS. Passou o mês de junho, já está se chegando em meados de julho e nenhum centavo foi recolhido. Pior, tanto o Juiz como o órgão do governo faz vistas grossas. Mas então para que intervenção?

É mentira do interventor!

Mentira - Cirurgia Bariátrica de Serge: 100 mil pago pela Cipla
Verdade - Plano de Saúde que ele tem com a Unimed.
Mentira - Sistema de Segurança: 11 mil pago pela Cipla a Serge
Verdade - decisão do Conselho Administrativo Financeiro após três assaltos seguidos na casa de Serge e um na Cipla. Ou a empresa dava proteção à família de Serge ou o presidente do Conselho de Fábrica teria que se afastar de suas obrigações e viagens.
Mentira - Escritório em São Paulo: 5 mil referente a dois computadores para uso de Serge
Verdade - Escritório Comercial da empresa em São Paulo para impulsionar as vendas e articulação política com o movimento sindical.
Mentira - pagamento indevido de salários ou 13º
Verdade - que se apresente as comprovações, pois é mentira.
Mentira - passagem para uso particular da esposa de um membro do Conselho de Fábrica
Verdade – a companheira Cíntia foi destacada pelas fábricas para ajudar na negociação com o INSS e conseguir assinatura de cinco deputados federais do PT.
Mentira - cacetetes foram achados na sala de mobilização.
Verdade - os cacetetes, em torno de 20, passaram a ser utilizados pela segurança nas rondas, após o assalto do caixa eletrônico ocorrido na Cipla e dos vigilantes terem ficado por horas sob a mira de revolveres. Nunca foram utilizados pela mobilização.
Mentira - contribuição indevida da Associação Ferreirinha para a candidatura de Adílson Mariano (PT)
Verdade – recebeu contribuição de cinco mil reais, em conformidade com a lei eleitoral. A Ferreirinha é uma associação de funcionários de uma empresa privada, portanto, pode contribuir politicamente com quem bem entender. A aprovação financeira foi feita em assembléia geral.
Mentira - despesas de viagens: 50 mil para turismo
Verdade - todas as viagens foram aprovadas e a prestação de contas era feito na Comissão de Fábrica. Eram colocadas nos murais, matérias que informavam o desenvolvimento da viagem. Para a Venezuela foi para viabilizar o projeto Petrocasas e cada viagem para Europa foi para participar da Conferencia Mundial Aberta em Barcelona e reuniões com dirigentes sindicais que desenvolviam campanha internacional pela estatização e contra o fechamento das fabricas, promovendo manifestações em embaixadas brasileiras. Para Cuba foi a convite da Central Sindical Cubana para participar do 6º Encontro Hemisférico contra os Tratados de Livre Comércio e do governo cubano através do Ministério da Habitação para apresentação do projeto Petrocasas.
Como não conseguiu provar que o Conselho de Fábrica usava o dinheiro da Cipla e Interfibra indevidamente, divulga os gastos dos dirigentes com viagens como se fosse “o fim do mundo”, como se os próprios trabalhadores não tivessem aprovado.
Os trabalhadores sabem que as despesas de viagens se converteram em R$4 milhões em matéria-prima vinda da Venezuela – que poderiam chegar a R$13 milhões se não fosse a intervenção – e também se converteram em exportações que começaram a ser feitas no começo do ano, mas que estão canceladas devido à intervenção.
E o Sr Rainoldo ainda tem a cara de pau de dizer que a “Venezuela precisa mais da Cipla do que a Cipla precisa da Venezuela”. Para atacar os trabalhadores realmente ele não precisa da Venezuela que, aliás, se recusa a prestar qualquer ajuda à intervenção.
Além disso, as viagens dos dirigentes garantiram um impressionante apoio político e social à nossa luta, em todo o mundo. Por isso mesmo, os trabalhadores podem se sentir seguros para lutar contra as demissões e pelo pagamento integral dos salários.

PT de Joinville aprova moção unânime, apoiado pelo diretório estadual

Resolução do Diretório Municipal do PT de Joinville, com apoio do Diretório Estadual de SC, aprovado por unanimidade:


MOÇÃO PÚBLICA EM DEFESA DA LUTA DOS TRABALHADORES DAS FABRICAS CIPLA E INTERFIBRA DE JOINVILE – SANTA CATARINA


O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, reunido em 07 de julho de 2007 manifesta-se por consenso à sociedade Joinvilense contra a intervenção judicial decretada nas empresas Cipla e Interfira.
Manifesta-se, incondicionalmente, à defesa dos trabalhadores(as), ao processo autogestionário de administração, à garantia e manutenção dos postos de trabalho e à livre organização da classe trabalhadora na defesa de seus interesses;
Rechaça toda e qualquer operação que utilize a força militar ou civil, similar, a que foi utilizada no processo de intervenção no dia 31 de maio de 2007, por entender que fere a democracia, o direito e criminaliza, por antecipação, a classe trabalhadora;
Requer o fim imediato da intervenção, a anulação dos atos do interventor, a convocação imediata de uma assembléia geral dos trabalhadores.
Compromete-se na defesa da transparência e ética, de conduzir a política e o debate com os militantes para que, em conjunto com as entidades do movimento sindical, popular e social e o poder publico, busquem alternativas de gestão para as fabricas cipla e Interfibra.
Manifesta a defesa e solidariedade aos dirigentes e figuras públicas, alvos de calunia, criminzalização, difamação e formação de juízo antecipado.
Joinvile, 07 de Julho de 2007.

Congresso da Confederação Nacional dos Químicos (CUT) aprova moção

Segue a moção aprovada por unanimidade pelos 230 delegados no V Congresso da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ), ocorrido em Salvador, entre os dias 28 de junho e 01 de julho de 2007.
O primeiro signatário é o companheiro Spis, principal dirigente nacional dos petroleiros e membro da Executiva Nacional da CUT.
Como encaminhamento, foi aprovado uma audiencia com a Executiva Nacional da CUT, da CNQ e representantes destituidos das fabricas para agendar uma audiencia com o Presidente Lula e o Ministro Luiz Marinho, requerida pelas tres entidades. A audiencia com a CUTserá na próxima semana.
A CUT e a CNQ vão exigir a imediata reintegração dos demitidos e da Comissão de Fábrica para retomarem o controle administrativo das empresas, assim como a retirada imediata do interventor do parque fabril.
Carlos Castro - Coordenador do Comitê pelo fim da intervenção na Cipla/ Interfibra.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Diretor da estatal petroquímica da Venezuela contra a intervenção

Nessa carta, o diretor da Pequiven mantém o acordo com o movimento das fábricas ocupadas e, portanto, se recusa a entregar matéria-prima ou a ajudar as fábricas que estão sob intervenção.

“20 de junho de 2007

Querido Serge Goulart
Coordenador do Movimento de Fábricas ocupadas de Brasil.

Tomando conhecimento da decisão judicial, a pedido do INSS, de intervenção sobre CIPLA e INTERFIBRA, que retira o controle dos trabalhadores e da comissão de fábrica eleita pelos mesmos; me dirijo a ti e a todos os envolvidos pela medida judicial, para expressar nossa solidaridade com vocês.
Por isso, comunicamos que suspendemos toda a entrega de matérias-primas e qualquer outro tipo de ajuda para as fábricas sob intervenção. De acordo com a carta compromisso assinada por ambas as partes no Primeiro Encontro de Empresas Recuperadas pelos Trabajadores, (outubro de 2005) onde se estabelece em seu artigo 10 que: “A presente carta compromisso será rescindida nos seguintes termos:
- Quando na República Bolivariana de Venezuela não se tenha um governo democraticamente eleito.
- Quando os Trabalhadores das empresas Brasileiras Recuperadas não tenham o controle das mesmas".
Com respeito à matéria prima que hoje se encontra em Brasil, na empresa TBLV, solicitamos que lhes informe que não seja entregue a ninguém até nova comunicação.
Como nosso acordo, entre Pequiven e o Movimento de Fábricas Ocupadas foi uma decisão presidencial, o acordo está suspenso até que recebamos instruções.

Solidariamente
Francisco Toro, diretor da Pequiven”

Senador Suplicy (PT) vai endossar nosso pedido de fim da intervenção

Membros do Conselho de Fábrica da Flaskô foram recebidos ontem (04/07) pelo Senador da República Eduardo Suplicy (PT) em Brasília. Relato:
“Conversamos durante um bom tempo com a chefe do gabinete que compreendeu muito bem nossa situação e se solidarizou conosco, além de fazer sugestões bem interessantes sobre em que o mandato poderia ajudar.
Deixamos uma cópia do relatório técnico do BNDES, BADESC e BRDE, do jornal das fábricas ocupadas, do encarte especial do jornal Luta de Classes (da Esquerda Marxista do PT) e uma lista pública com os 40 principais devedores do INSS - que foram entregues ao Senador Suplicy.
A conversa com o Suplicy foi curta, mas produtiva. Ele telefonou mais uma vez ao presidente da CPFL e ouviu a mesma resposta que a gente: a Flaskô está sob intervenção e, portanto, só pode haver negociações para religar a luz com o Sr. Rainoldo Uessler e não com os trabalhadores. (É um absurdo contrapor uma manobra jurídica ao pedido do Senador que representa o Estado de SP no Congresso Nacional!).
O Senador então quis discutir a intervenção e o assessor que o acompanhava queria maiores detalhes sobre a decisão judicial e as medidas jurídicas que estávamos tomando. Tentamos explicar que se tratava de um ataque contra nosso movimento e pedimos que o Senador endossasse, junto à Presidência da República e ao Ministério da Previdência, nosso pedido de fim imediato da intervenção sobre a Cipla e a Interfibra e fim dos ataques contra a Flaskô.
Suplicy decide então ligar para o Secretário de Economia Solidária, Paul Singer, para pedir a opinião dele e também teve que ouvir a mesma ladainha que já escutamos: de que a criação de uma cooperativa seria a solução frente à intervenção... Explicamos que primeiro é preciso retirar a intervenção para depois voltar a discutir uma saída que possa garantir todos os empregos e os direitos. Reafirmamos nossa opinião de estatização sob controle operário, com base no relatório dos bancos públicos e a recusa do governo Lula em atender nossas reivindicações durante todos esses anos.
Suplicy disse que respeitava nossa opinião e entendeu que estamos abertos à discussão com o governo federal, se a intervenção for cancelada. Em seguida, propôs que escrevêssemos uma carta explicativa, sob a qual ele pudesse se basear para repassar em seu nome um pedido de fim da intervenção à Presidência e à Previdência. Por fim, se colocou à disposição para telefonar à juíza do Trabalho de Sumaré e ao juiz Federal de Campinas para apoiar nossas medidas jurídicas”.

Todos à audiência pública em SP!

A partir do apoio que os trabalhadores da Flaskô sempre receberam da vereadora Marcela Moreira (de Campinas) entramos em contato com o Deputado Estadual Raul Marcelo (ambos do PSOL) e conseguimos aprovar a convocação de uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa de SP sobre a situação das fábricas ocupadas pelos trabalhadores.
Deverão enviar representantes para compor a mesa, o INSS de SP e o escritório da Presidência da República em SP. Assim, as fábricas ocupadas e todos os apoiadores poderão debater a criminosa intervenção judicial – militar na Cipla e Interfibra e os ataques para o fechamento da Flaskô e ir pra cima dos órgãos e pessoas do governo federal que dão cobertura a esse escândalo contra a classe trabalhadora brasileira e internacional.
Convidamos todos a participar e a confirmar presença com antecedência!

Audiência Pública na Assembléia Legislativa de SP
Sobre a situação das fábricas ocupadas pelos trabalhadores
Dia 20 de julho - 14h
Auditório Franco Montoro

terça-feira, 3 de julho de 2007

Declaração pública da Esquerda Marxista do PT

Organização política-revolucionária envolvida com a luta das fábricas ocupadas faz uma avaliação pública, após intervenção na Cipla e Interfibra e outros acontecimentos.
Clique no título para ler.

Reunião histórica da FRETECO - Frente de Trabalhadores em Empresas Tomadas na Venezuela

Histórica reunião! Seja pela significativa representação, seja pelo teor dos debates, seja pelo internacionalismo proletário em apoio aos trabalhadores das fábricas ocupadas brasileiras.
Clique no título para ler a matéria.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Justiça Federal de Campinas vai mandar a CPFL religar a luz da Flaskô!

Os trabalhadores da Flaskô acabam de receber uma boa notícia: o juiz federal José Mario Barreto Pedrazolli, da Vara de Campinas/SP pode intimar a CPFL a restabelecer o fornecimento de energia elétrica “em face do evidente perigo de lesão” à fábrica, se os trabalhadores apresentarem alguns documentos (que estamos lutando para conseguir).
Sabemos que forças poderosas se agruparam para tentar destruir o movimento das fábricas ocupadas e, portanto, somente com a continuidade e ampliação da nossa luta conseguiremos por um fim à intervenção na Cipla e Interfibra e ainda manter a Flaskô funcionando sob controle operário.
Com certeza irão recorrer da decisão do juiz, mas estaremos mais alertas do que nunca e tentaremos mostrar que a CPFL deve negociar as dívidas com os trabalhadores e não com o interventor da Cipla e Interfibra, até porque o Sr Rainoldo Uessler não tem poderes judiciais para falar em nome da Flaskô.
Para isso, a reunião de logo mais (hoje, 02/07, às 19h) do Comitê pelo Fim da Intervenção nas Fábricas Ocupadas terá grande importância para mantermos a pressão sobre a CPFL e para prepararmos nossa delegação ao ato nacional do dia 04/07 convocado pela CUT em Brasília, onde exigiremos do presidente Lula e do ministro da Previdência Luís Marinho a retirada imediata da intervenção federal contra a Cipla, Interfibra e Flaskô.

A luta das fábricas ocupadas continua e continuará a brilhar!
Venceremos!

Direto da Venezuela, entrevista de Serge Goulart, coordenador do movimento das fábricas ocupadas

É só clicar no título para assistir.

Protesto na embaixada do Brasil na Rússia em apoio às fábricas ocupadas

Aproveitamos a oportunidade de divulgar mais esse ato em embaixadas brasileiras no exterior para agradecer à Corrente Marxista Internacional pelo grande suporte que tem prestado a nós, trabalhadores da Cipla, Interfibra e Flaskô.
Clique no título para ver a matéria.
Trabalhadores de todo mundo, uní-vos!

Interventor se alia à CPFL para fechar a Flaskô

1. A cada dia está mais claro a articulação do capital, de suas organizações como a FIESP e a ABIPLAST, e dos traidores de nossa classe que se venderam ao capital para destruir o movimento das fábricas ocupadas e tentar esmagar a luta dos trabalhadores do campo e da cidade.
2. Desde que o governo federal invadiu a fábrica ocupada Cipla em 31 de maio para demitir a comissão de fábrica e perseguir trabalhadores na fábrica ocupada Flaskô (em Sumaré/SP), os trabalhadores têm se organizado para se defender contra este ataque que busca levar as fábricas ao fechamento. Já no dia 01 de junho realizamos uma grande ato/piquete contra uma possível invasão pela policia federal do governo Lula a serviço dos lacaios do capital. Mantivemos a fábrica funcionando sob o controle democrático dos trabalhadores enquanto organizamos a Campanha "Tirem as Mãos da Cipla" e uma grande delegação para o ato de 13 de julho em Joinville/SC.
3. No dia 20 de julho o interventor, acompanhado de capangas, tenta invadir a Flaskô, demitindo três membros do Conselho de Fábrica e tem como resposta a determinação dos operários que pararam a produção contra os ataques e fizeram o interventor recuar das demissões. No dia 21 tenta novamente invadir a fábrica, mas logo pela manhã, menos de 12 horas depois da primeira investida, os trabalhadores da Flaskô organizaram um grande piquete, que contou com a solidariedade do movimento operário da região e expulsamos o Interventor. Impotente, o interventor por 2 vezes ameaçou o coordenador do Conselho de Fábrica Pedro Santinho, que recebeu ligações com afirmações do tipo: "vou acabar com vocês, vou voltar a Flaskô, se não consigo com a polícia federal, a marinha, a aeronáutica ou consigo de qualquer outro jeito".
4. Diante da determinação dos trabalhadores, que tiravam força do apoio e da solidariedade nacional e internacional da campanha "Tirem as Mãos da Cipla" que a cada dia se ampliava e se amplia, o Interventor decidiu adotar medidas na Cipla para sabotar a produção da Flaskô e levar a fábrica o mais rapidamente ao seu fechamento, suspendendo o sistema integrado de administração que as empresas compartilhavam, suspendendo e bloqueando o sistema de internet e rede, e mais do que isso enviando cartas, e-mails e fazendo contatos telefônicos afirmando aos clientes da Flaskô que os peças que os trabalhadores produziam com seu suor eram roubadas, tentando dissuadi-los de continuar comprado os produtos da Flaskô. Mas a determinação dos trabalhadores de continuar trabalhando ainda ganhava: restabelecemos as operações parcialmente, os sistemas de rede e internet totalmente e já estávamos em contatos e com agendas nos clientes para esclarecer os fatos. E mais do que isso, a cada dia com mais apoio, com a Executiva Nacional da CUT declarando apoio, o Congresso do MST, além de outras centenas de entidades.
5. Diante da determinação dos trabalhadores da Flaskô, que permaneciam dando as cartas e controlando a fábrica, o interventor fez um acordo com a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) - que realizou trabalhos clandestinos na rede de energia da Flaskô e implantou um sistema de corte de energia à distancia, para burlar e impedir a mobilização contra qualquer tentativa de corte ou ameaça. Com isso no dia 27 de junho, às 17h55, realizaram o corte da energia, surpreendendo todos. Mas os trabalhadores responderam prontamente: no dia seguinte realizamos um grande o ato na porta da CPFL e às 13 horas dois membros do Conselho de Fábrica da Flaskô foram recebido pela Diretoria da CPFL e escutaram a condição para o religamento: que os trabalhadores aceitem o Interventor!
Está mais claro do que nunca: diante da impotência de vencer os trabalhadores, o Interventor mostrou claramente ao que veio: fechar as fábricas ocupadas, acabar com o movimento das fábricas ocupadas. E se aliou com a empresa privada CPFL, privatizada pelo governo de direita do PSDB, e que mais do que isso recebeu a menos de um mês mais de 270 milhões de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Dinheiro do governo Lula, dinheiro público para financiar o fechamento de fábrica. Já é hora de discutir a reestatização do sistema de energia! Pois não podemos acreditar no dito "caráter social" da CPFL e seus falsos centros culturais.
6. Os trabalhadores da Flaskô se mantêm organizados, unidos e sabem que estão para ser atacados a qualquer momento. Mas sabemos que também que não há força que resista à unidade, à determinação da classe operária, "blindada" com a solidariedade nacional e internacional. Venceremos!
Por isso decidimos:
a) Não aceitamos nenhum interventor na Flaskô. A Flaskô é dos trabalhadores! Fim da Intervenção na Cipla e na Interfibra!
b) Ampliar a campanha internacional dirigida ao presidente Lula e ao Ministro Luis Marinho para que retirem o pedido de intervenção nas Fábricas Ocupadas.
c) Ampliar os esforços com o objetivo de retomar a produção na Flaskô, adotando todas as medidas cabíveis. Não fecharão a Flaskô! Apelamos a todos o movimento operário: ajudem-nos a retomar a produção!
d) Dirigir um pedido direto a Artur Henrique, eletricitário e presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e ao Sindicato os Eletricitários do Estado de São Paulo para que ajudem a ampliar a campanha de denúncia contra a CPFL.
e) Decidimos nos somar ao Ato de Ocupação do Congresso Nacional nesse dia 4 de julho, organizado pela CUT contra a Emenda 3 e o PLP-01, apresentando pedido de apoio à exigência pela fim da intervenção nas fábricas ocupadas.
f) Ampliar a solidariedade e a luta contra o fechamento de fábricas, pelo controle operário, no Brasil e no Mundo. Fábrica quebrada é fábrica ocupada! Fábrica Ocupada deve ser estatizada! Sob esta bandeira nos somamos à preparação do II Encontro Latino Americano de Fábricas Recuperadas pelos Trabalhadores, em outubro de 2007 em Caracas na Venezuela.

Coordenação do Conselho de Fábrica da Flaskô, após assembléia dos trabalhadores realizada em 29 de junho de 2007.